A morte da dignidade
J. J. Duran
O ano de 2023 ficará na história como um período desastroso para a humanidade.
Na Argentina, um obscuro e destrambelhado economista foi guindado pelo povo, em límpida eleição, ao cargo de mor republicano e começou a governar como que com uma motosserra em mãos.
Seu fatídico "decretazo" propõe desmantelar as estruturas do Estado, impor limites à liberdade dos cidadãos e fazer dura repressão àqueles dissidentes que ousarem desrespeitar a nova ordem libertária.
Suas promessas são um indicativo de que Milei, autodeclarado judaico-argentino, busca cumprir em seu governo propostas do sionismo internacional. Já chamado de o "Napoleão dos Pampas", ele se mostra antipático ao Parlamento e às regras do jogo político da democracia plena.
Prova disso é que já deixou clara a intenção de usar a consulta plebiscitária para impor suas propostas, em total afronta à Constituição vigente.
Isso tudo num quadrante politizado e afogado pelas desastrosas administrações que destroçaram a economia do país ao longo dos últimos 40 anos.
Saindo do território argentino, encontramos na faixa de Gaza ações de extermínio do povo palestino frente ao olhar impassível dos membros da agonizante ONU, e na Ucrânia a OTAN vendendo armas para que o povo local siga morrendo pelas mãos das forças comandadas pelo mercenário Putin.
Já no Oriente Médio encontramos o ayatolá Ali Jamenei, líder supremo dos teólogos tecnocratas iranianos, descarregando sua ira em bombardeiros contra aldeias miseráveis e nas quais se esconde a vergonha de uma religião abortiva dos direitos e com sede de vingança.
O ano que se passou, portanto, ficará marcado pela morte estúpida de incontáveis seres humanos provocada pela barbárie de líderes que sonham em dominar o mundo, mas que não conseguem dominar nem mesmo seus próprios instintos.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná