Fenaj: descredibilização da imprensa cai sem Bolsonaro
A Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas publicou nesta quinta-feira (25), na íntegra, o mais recente Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa. O número total já havia sido divulgado há alguns dias, indicando que foram 181 casos em 2023, uma redução de 51,86% em relação a 2022. Dessa vez, foram apresentados outros detalhes, como os tipos de agressão, as diferenças por gênero e estado, assim como os principais agressores. A informação é da Agência Brasil.
A presidente da Fenaj, Samira de Castro, explica que mudanças em dois tipos de agressão foram decisivas para o resultado. "Os números caíram principalmente em função da queda da categoria descredibilização da imprensa, uma estratégia adotada pelo Bolsonaro durante o seu governo, que acabou em 2022. Só para comparar, foi uma queda de 91,95% dessa categoria de um ano para o outro. E também houve uma queda da censura de 91,53%, sobretudo em função da mudança de comando na Empresa Brasileira de Comunicação, que era um foco de censura contra o trabalho dos jornalistas, promovida por gestores públicos e que representaram um caso gravíssimo contra a liberdade de imprensa no País", disse Samira.
O relatório aponta que, de 2019 a 2022 o ex-presidente foi responsável por 570 ataques contra veículos de comunicação e jornalistas, uma média de 142,5 agressões por ano e uma agressão a cada dois dias e meio. Isso, para a Fenaj, significa uma "violência verdadeiramente institucionalizada". Chama a atenção, porém, que foram registrados mais casos em 2023 (181) do que os contabilizados em 2018 (135), antes do governo Bolsonaro.
Em 2023, descredibilização da imprensa e censura deixaram de figurar entre os cinco primeiros tipos de agressão. A lista agora é liderada por ameaças, hostilizações e intimidações (42 casos), agressões físicas (40), agressões verbais e ataques virtuais (27), cerceamento à liberdade de imprensa por ações judiciais (25) e impedimentos ao exercício profissional (13).
A Fenaj destaca que, apesar da queda geral, o número de casos de violência contra jornalistas ainda é alto no Brasil, e que alguns tipos se mostram mais preocupantes, como o crescimento de 92,31% das ações judiciais com o objetivo cercear a liberdade de imprensa.
SEGMENTOS
Quando se consideram os principais agressores, lideram a lista: políticos, assessores e parentes (44 casos); manifestantes de extrema-direita (29); populares (17); policiais civis e militares (14); dirigentes, jogadores e torcedores de futebol (11). Já os principais tipos de mídias e veículos em que foram registradas as agressões são: televisão (81 casos), mídia digital (79), jornal (42), rádio (17) e assessoria de imprensa (6).
A violência também afeta os jornalistas de forma diferente pelo País. Os maiores números foram identificados na região Sudeste (47), seguida de Nordeste (45), Centro-Oeste (40), Sul (30) e Norte (19). Na análise por estados e unidades da Federação, os que têm mais casos são Distrito Federal e São Paulo (ambos 21), Mato Grosso do Sul (19) e Rio de Janeiro (19) e Rio Grande do Sul (12). "A sociedade brasileira precisa entender que a violência contra os jornalistas é um ataque à democracia", finaliza a presidente da Fenaj. (Foto: Marcello Casal Jr/AGBR)