Unidos pela mesma vergonha
Quando escrevo que entre os grupos dominantes da política brasileira não há esquerda nem direita, que na minha visão a única ideologia vigente no País é a do "venha a nós o vosso cobre", refiro-me ao que, em regra, acontece em todas as casas legislativas, particularmente nas principais delas, que são o Senado e a Câmara dos Deputados.
E isso ficou ainda mais irrefutável nesta semana, no apagar das luzes do ano legislativo no Congresso Nacional, quando o PT de Luiz Inácio Lula da Silva e o PL de Jair Bolsonaro, partidos que se acotovelam permanentemente tentando engambelar os politicamente incautos, defenderam e votaram tipo "de mãos dadas" pelo aumento do Fundo Eleitoral dos já absurdos R$ 2 bilhões de 2020 para vergonhosos R$ 4,9 bilhões em 2024.
Até houve um pedido de destaque reduzindo o valor para R$ 900 milhões, bem como uma sugestão do presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco, para que o valor fosse corrigido apenas pela inflação, mas ambas as propostas foram rejeitadas, sem dó nem piedade dos contribuintes brasileiros em geral, que terão que bancar mais esta pouca vergonha, criada para bancar as campanhas eleitorais.
Agora veja as desculpas apresentadas em plenário pelos líderes dos dois partidos, detentores das maiores bancadas no Congresso:
Zeca Dirceu (PT-PR) - "Sempre defendemos o financiamento público e o valor que está no relatório do Orçamento".
Altineu Côrtes (PL-RJ) - "O valor é alto? É alto, nós devemos discutir a unificação das eleições, mas não dá para comparar com as eleições que nós tivemos durante a pandemia".
Depois disso você, que acaba de ler esse breve comentário, vai continuar fazendo inimizades nas redes sociais para defender os mentores de mais esta desfaçatez?