Sonhar é preciso
J. J. Duran
A eterna e bendita celebração do nascimento do Cristo de Nazaré é um convite silencioso, quase místico, a uma profunda reflexão de tudo o que fizemos e deixamos de fazer desde o Natal anterior.
Transitamos pelo lamaçal de uma crise demencial, com guerras e suicídios republicanos, na qual o valor da vida não tem cotação alguma.
Somos figurantes de uma comédia empobrecida pela imoral vigência de figuras desprovidas do conceito fraternal da convivência, em meio a uma disputa enlouquecida por novos territórios sem observar que o mundo está cada vez menos habitável.
Novos tempos e velhos sonhos de liberdade, igualdade e fraternidade parecem mortos.
Os sonhadores de ontem e de hoje que jamais calaram suas vozes, ainda que oprimidos, encarcerados e desterrados, seguem esperando que, junto com a chegada do filho de Maria, também chegue uma nova vida, na qual ser pobre, preto, estrangeiro ou dissidente não seja um teste de estupidez diante da ótica de adoradores do obscurantismo.
Que as mãos de todos os bisavós, avós e pais do universo se juntem pelo direito universal de viver e pedir que o Cristo crucificado nos ajude a ajudar a todos os abandonados que perambulam pelas ruas implorando por um lar, por uma família.
Meu agradecimento a Nossa Senhora de Lourdes por ter me permitido conhecer uma mulher humilde, porém riquíssima espiritualmente, e uma legião de amigos que estenderam suas mãos poderosas para nos ajudar a converter nosso sonho em realidade e constituir e cuidar de uma numerosa família.
Feliz Natal a todos.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná