Enfim, um raro texto repleto de elogios
Alceu A. Sperança
Certa vez, o veterano jornalista Emir Sfair passou sua orientação editorial: "O que prestar, elogia. O que não prestar, critica". Não falou sobre como agir diante de surpresas, mas se forem positivas, certamente merecem elogios, como a lei municipal 4.943, de 7 de agosto de 2008.
Proposta pelo vereador Julio César Leme da Silva, aprovada por unanimidade na Câmara e sancionada pelo prefeito Lísias Tomé, a lei dispõe sobre a obrigatoriedade da exposição de livros de autores cascavelenses.
Na época, eram raros os autores cascavelenses com livros no mercado. Depois que a mana Regina abriu o Projeto Livrai-Nos! muitos autores tiraram as obras das gavetas ou se motivaram para publicar. Hoje, dezenas de autores ligados ao Livrai-Nos!, à Academia Cascavelense de Letras, Clube dos Escritores e Confraria Terra dos Poetas têm livros recentes publicados.
Não haverá um bando de escritores irados e com archotes incandescentes em busca de punir livrarias e bancas que não cumprem a lei, porque a entendem mais como recomendação aos empresários do ramo que uma imposição. Todos ficam satisfeitos em exibir livros lançados pelos autores locais e oferecê-los aos clientes.
Ótima surpresa, enfrentando a lógica baixo-astral da crise, foi ver a Prefeitura de Cascavel motivar os autores com bons prêmios no Concurso Literário Celso Formighieri Sperança. Com as contas do mês atrasadas, deu até vontade de concorrer, Paranhos e Bulgarelli!
Outra surpresa: o presidente Michel Temer sancionou a Lei 13.696, instituindo a Política Nacional de Leitura e Escrita. Todo presidente faz uma lei parecida, mas como até agora neste artigo ainda não critiquei ninguém, que fique a confiança em que desta vez a lei "pegue".
Alceu A. Sperança é escritor e jornalista -alceusperanca@ig.com.br