Os três Poderes
J. J. Duran
As previsíveis crises que se produzem e reproduzem entre instituições republicanas em tempos democráticos devem ser conceituadas como frutos do envelhecimento das estruturas políticas e institucionais, sem sofrer as demenciais interrupções impostas pelas expressões mais duras do pensamento nacional.
Não devemos temer o Legislativo quando que muda as regras de funcionamento nos outros Poderes da República, mas sim o Legislativo que se cristaliza e transforma em diques das aspirações populares.
Há que compreender que as instituições não têm valor absoluto, nem um fim em si mesmas. Ao contrário, quando deixam de corresponder aos imperativos, devem ser reordenadas dentro das linhas demarcadas pela Constituição.
Os violentos traumas de nosso tempo desencadeiam movimentos políticos de poder destrutivo e os Poderes constituídos devem agir para obstaculizar tudo que leva riscos ao sistema democrático.
É chegado o tempo de se dar fim ao repetido espetáculo de imaturidade política que troca a razão e a serenidade pela paixão e pelo personalismo político.
A tripartição dos Poderes da República significa a própria democracia, que com todas suas deficiências nos leva a saudar esses Poderes como expressões de nossa dignidade republicana.
Enquanto tivermos poderes vigilantes da Carta Magna, a democracia poderá sofrer eclipses, porém jamais entrará em colapso definitivo.
Reverenciemos o Poder Legislativo, que mesmo muitas vezes mutilado em suas faculdades, ainda assim conserva acesa a chama votiva da última centelha da batalha contra a usurpação republicana de forças que só a História pode conceituar.
Reverenciemos o Poder Judiciário, quando se mantém indiferente aos ataques e casuísmos para fazer prevalecer o espírito da liberdade.
E reverenciemos o Executivo, quando cumpre seu papel de preservar o entendimento entre os Três Poderes sem excluir o confronto de ideias divergentes.
Os Três Poderes da República são símbolos pétreos de um sistema que permite construir, viver e lutar por um País sempre melhor. (Foto: Reprodução internet)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná