Falta recuperar a esperança
J. J. Duran
Décadas depois de recuperar a democracia, o Brasil segue sem dar a resposta necessária à prometida recuperação das desigualdades socioeconômicas e culturais que dividem a sua população em diferentes classes.
Os discursos lacunares fizeram com que a sociedade voltasse a viver sob o império da violência, mostra inequívoca de gestões governamentais fracassadas no combate à desesperança de todas as camadas: pobres, ricos e remediados.
Há que fortalecer a democracia verdadeira, plena, que só pode ser sustentada com trabalho e respeito aos direitos e obrigações de todos.
Aqui e lá fora os últimos tempos têm sido marcados pela incapacidade de resolver conflitos de toda ordem e nos quais o ser humano mostra o mesmo primitivismo do início de sua existência.
Quase o mundo todo transita por uma crise de proporções dantescas, na qual canhões e armas apocalípticas impõem uma desigualdade cada dia maior.
Em toda sociedade onde os privilegiados são poucos e os deserdados sociais são muitos, os governantes devem buscar nivelar o Estado em relação a direitos e obrigações, sem o que não há como diminuir a fenda que mutila a vida, destrói famílias e transforma o vocábulo "esperança" em quimérica euforia.
A reforma do arcabouço socioeconômico deve ser feita via Parlamento, com a readequação de códigos, sistemas laborais, direitos e obrigações, de forma a acabar com o enfrentamento entre capital e trabalho e resgatar o futuro que, para muitos, deixou de existir.
E essa reforma não será obra de promessas vãs de bem-estar feitas por governantes, que anunciam soluções mágicas e só entregam frustrações.
Recuperar a esperança é primordial para alcançar esse objetivo. (Foto: Tânia Rego/AGBR)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná