Suicídio político
J. J. Duran
A política não é pouca coisa na histografia universal, cujas páginas registram ascensão e queda de inúmeros ditadores tresloucados e de líderes políticos embriagados pelas ideologias revanchistas disseminadoras do ódio e do divisionismo.
Muitos mitos messiânicos desaforados e lacunares já passaram de dias de gloriosa idiotice ao ostracismo cruel, no qual convivem com sonhos de retorno juntamente com invariáveis colunas de seguidores domesticados.
Oportunistas proclamadores fervorosos de um novo tempo escreveram páginas tristes, nas quais derrotas inesperadas mostraram o poder efêmero que outorga a degradação dos verdadeiros valores morais e republicanos.
Esses efêmeros arrogantes do passado - longínquo ou recente, porém já passado - simbolizam na histografia um tempo em que, com suas tentativas megalomaníacas de permanência no poder, dele acabaram expurgados pelo voto democrático por conta de suas panaceias messiânicas.
A democracia sofre um duro golpe na falta de racionalidade de quem governa para compreender e exercer o seu papel.
Não só em nosso continente, mas no mundo todo, é inegável que o poder em muitos cenários democráticos governa sob a tutela das elites classistas, sejam elas da burguesia ou do progressismo eivado de revanchismos alimentados durante as madrugadas em longos debates de boteco.
Não podemos ficar presos a circunstanciais debates sobre valores do parlamentarismo presidencialista ou do zigue-zague de governos que sempre deixaram um marco de frustrações, pois não há mais tempo a se perder na busca de soluções concretas aos grandes desafios.
Urge que a classe política abandone os projetos de poder e concentre seus esforços em projetos de governo que atendam às necessidades de quem mais precisa da mão amiga do poder público. (Foto: Reprodução Jusbrasil)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná