Menos deputado, menos!
Implantado em dezembro de 2003 e erroneamente atribuído ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que apenas sancionou um projeto do então senador tucano Gerson Camata devidamente aprovado pelo Congresso, o Estatuto do Desarmamento se mostrou ineficiente, pois dificultou o acesso às armas aos chamados "homens do bem", mas, ao menos em tese, facilitou a vida dos "homens do mal", que passaram a correr menos riscos em seu métier criminoso.
Aí veio o governo Jair Bolsonaro e, por meio de quatro decretos, "liberou geral" e permitiu a cada cidadão pretensamente "do bom" adquirir um verdadeiro arsenal para proteger a si próprio, seus familiares e suas propriedades. Isso fez com que mais de 1,3 milhão de novas armas fossem registradas entre 2019 e 2022, um exagero tal qual o caso do desarmamento e que se de um lado serviu para armar as pessoas "do bem", de outro concedeu uma espécie de salvo conduto às pessoas "do mal".
Hoje é público e notório que ambas as iniciativas saíram pela culatra, pois os números da criminalidade seguem aumentando no Brasil todo, por mais investimentos que o poder público faça na segurança pública. Mas parece não ser essa a compreensão do deputado estadual curitibano Jorge Gomes de Oliveira Brand, mais conhecido como Goura e que tem em seu currículo uma especialização em ioga, que nada tem a ver com a ação enérgica necessária a manter a lei e a ordem quando "o bicho pega".
De autoria dele, começou a tramitar ontem (8) na Assembleia Legislativa um projeto propondo a criação de uma Lei do Desarmamento no Paraná e proibindo a fabricação e o comércio de armas de fogo no Estado. Antes de fazer tal proposição, o parlamentar deveria ter se informado melhor sobre o tema com profissionais da segurança e, por que não, até com vítimas da violência do cotidiano.
Claro que liberar geral é um equívoco, mas a cultura da paz se faz com o incentivo aos bons hábitos, não com o confisco puro e simples da pólvora. (Foto: Stockphotos)