O que virá das urnas?
Paulo Roberto Hapner
O Paraná está coeso em torno da candidatura do Alvaro Dias, assim como o Ceará em torno da de Ciro Gomes. Apenas São Paulo não sufraga a de seu governador, como Minas desertou de Aécio Neves na última eleição. Será que Alvaro e Ciro conseguirão conquistar votações expressivas em seus Estados?
Os políticos de antigamente diziam que a corrida se ganha no "atar" e não no "correr". Essa expressão é comum entre os gaúchos que têm cavalo de corrida e frequentam as raias ou cancha-reta. Ademais, em política vale tudo, só não vale perder. É um ditado de uso comum e que parece apropriado para os inescrupulosos, porém, pessoas de boa índole o utilizam na disputa aos cargos públicos eletivos. O quadro está colocado e as pesquisas começam.
Indiscutivelmente, o sistema feudal da política não permite ingenuidade. Unicamente se pode pensar com quem será dividida a "honra" de disputar o segundo turno. Ninguém suplantará o candidato que foi antecipadamente ungido com as preferências dos partidos que dominam o Parlamento. Fez-se a escolha que atende e atenderá os seus interesses.
A corrida apenas exercitará a democracia. O povo participará do processo e se sentirá respeitado em sua cidadania. O perigo é acontecer que o povo se revolte (hipótese difícil) e jogue contra o combinado pelas lideranças. Nesse caso, o risco somente irá ocorrer se o "ungido" Geraldo Alckminn foi para o segundo turno com a "zebra" Jair Bolsonaro. A voz do povo é a voz de Deus. Embora Bolsonaro não represente uma solução adequada e Alckmin reúna condições de governabilidade mais evidentes, tudo indica que os ventos sopram nesse sentido. A expectativa governamental é de que a vitória sorria pelo conservadorismo. Será que o eleitor também concorda? Como dizia o Garrincha: o senhor já conversou com os russos? O céu está para brigadeiro? A revolta popular pode desviar o rumo dos ventos? Será que Marina Silva, Henrique Meirelles, Alvaro, Ciro Gomes e outros poderão surpreender? Qual o papel do horário gratuito frente ao incomensurável poder da Internet e dos grupos sociais? Desde a eleição do Obama a cibernética tornou-se mais importante que a mídia escrita ou falada. Para que serve o rádio ou o jornal, nos dias de hoje? Vamos andando que o futuro definirá nossos destinos.
Em conclusão: tudo ficou traçado para que não se criem represálias futuras com os atuais governantes. Entretanto, o mito criado pela Lava Jato de que a classe política deve ser banida do Parlamento, pois galinha não pode ser cuidada por raposa, poderá se disseminar e quando o fogo vem serra acima ou o xuxu serra abaixo, saia da frente. O termo tsunami deve ser consultado. Ninguém acredita, mas quando ele chega destrói tudo.
Paulo Roberto Hapner é desembargador aposentado do Tribunal de Justiça do Paraná - paulohapner@netpar.com.br