A paz
J. J. Duran
Quando um povo se julga superior ao outro, concede ao alvo do seu desprezo o direito ao ódio.
Parece que o mundo nada aprendeu sobre as trágicas consequências de guerras passadas, e um novo e demencial conflito acaba de começar no que a História define equivocadamente de terra santa.
A pacífica e harmônica convivência entre os povos é uma dura conquista de todos, não só dos governantes, mas muitos parecem ignorar que os verdadeiros conflitos devem ser contra as terríveis desigualdades que as chamadas potências mundiais impõem aos países menos desenvolvidos.
Nesse cenário não existe esperança e não se fala de futuro, apenas de fome, desesperança e orfandade social.
Muitas vezes mencionei em meus artigos que os cristãos, em momentos de dificuldades, costumam lembrar a solução dos claustros trapistas mostrando que cada instante da vida é uma etapa a menos em nossa passagem temporal por este mundo.
A paz é uma dura conquista de cada dia e de cada hora, porém obtida com a submissão imposta pelas armas ou pelo poder econômico.
Não podemos esmorecer em nossa esperança de que, quando silenciar o diálogo dos governantes, o homem simples deixe de fazer como opção derradeira o uso da força brutal das armas para impor pela força o que o diálogo não conseguiu.
Os triunfos impostos contra a vontade dos vencidos sempre significou, na história da humanidade, a entronização do despotismo e da tirania e se converteu no genocídio de milhões de seres humanos.
"O homem só é digno de fazer parte da família do Cristo Crucificado quando assume plenamente sua fragilidade e temporal existência", já nos ensinou o sábio Santo Agostinho.
Mesmo reconhecendo esse privilégio da universalidade e temporalidade, muitos povos costumam erguer altares mortuários como triste recordação dos seus insensatos desígnios bélicos.
Ao dotar o homem da razão, Deus também o dotou da liberdade. Mas só daquela liberdade que a razão pode conceber e usufruir, pois quando essa razão é privada do sentimento de amor, ao invés de servir à liberdade, serve ao despotismo. (Foto: iStock/MBolina)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná