Jogando contra o patrimônio
Foi-se o tempo em que o agro paranaense tirava seu sustento só da roça e dos currais, chiqueirões e aviários. Nos últimos tempos muitos agricultores do Estado, incentivados pelo sistema cooperativista, descobriram na piscicultura uma importante alternativa para incrementar a renda das propriedades e, de quebra, ajudar ainda mais a alimentar o Brasil e o mundo.
E tomaram tamanho gosto pela coisa que tornaram o Paraná líder absoluto do País na produção da saborosa carne de tilápia, que caiu no gosto da maioria esmagadora dos consumidores. Prova disso é que em 2022 o Estado respondeu por exatamente um terço de toda a produção nacional, com um montante muito próximo dos 190 mil toneladas.
Mas o governo federal, ao invés de incentivar ainda mais o setor, parece agir como tatu e se esforçar para ruir nossos açudes. Como assim? Falando em nome do governo brasileiro, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro (foto), deixou alinhavado com o primeiro-ministro do Vietnã, Phal’Mihn Chinh, em pleno Palácio do Itamaraty, um acordo comercial que abre o mercado brasileiro à carne tilápia produzida por esse país asiático.
"O consumo dentro do nosso Estado impulsiona o trabalho dos pequenos produtores, assegurando renda para muitas famílias que vivem da piscicultura. Importar a tilápia é um absurdo", protestou o deputado estadual paranaense Luiz Fernando Guerra, que tem na defesa do agro sua principal bandeira.
Guerra lembrou que a produção de tilápias está espalhada por 26 estados brasileiros, além do Distrito Federal. "Esse volume não é por acaso. São muitas famílias que vivem da piscicultura e precisam desse apoio dentro de casa e não de uma rasteira que pode acabar com o trabalho delas", acrescentou.
Ainda é tempo de o governo rever isso, pois o agro brasileiro não vive só da soja, que é a atividade do nobre ministro, um paranaense de Bela Vista do Paraíso que se notabilizou como produtor de grãos no Mato Grosso. (Foto: Rafa Nedermayer/AGBR)