Um prefeito, 21 subprefeitos
A Semana da Criança dos cascavelenses está sendo marcada, com o perdão do trocadilho, por uma espécie de criancice de boa parte do Legislativo municipal em relação ao Executivo.
Tal qual meninos rebeldes, vereadores (não todos, é claro) estão fazendo uma espécie de obstrução de pauta e deixando os temas de interesse da Prefeitura para as calendas, como se romanos fossem.
E neste caso, liderados por ninguém menos que o presidente da Câmara, que é homem "da casa" do prefeito, embora pareça fazer um esforço hercúleo para passar o mais distante possível do habitat do alcaide até que o ápice do temporal político se dissipe.
E isso tudo, diferentemente do alegado na sessão de ontem, não é fruto apenas de uma suposta indisposição de auxiliares diretos do prefeito em atender pedidos de vereadores por derrubada de árvore, tapa-buraco de rua e até por abertura de espaço na agenda do alto escalão para um bate-papo para tratar ao pé do ouvido sobre o sofrimento dos cidadãos/eleitores mais necessitados.
O verdadeiro cerne da crise não reside aí, mas sim no fato de o Paço Municipal ter pedido para descumprir neste ano as famigeradas emendas impositivas, uma cópia literal do que desde 2015 tem empanado ainda mais a moralidade pública e levado a uma desmoralização maior ainda do Congresso Nacional.
Essa artimanha foi incluída pela primeira vez no Orçamento de 2023 de Cascavel, tornando os 21 vereadores uma espécie de subprefeitos na medida em que concedeu a cada um deles o direito de destinar um valor X para atender demandas de suas bases e, com isso, pavimentar a reeleição.
Como o vereador é uma espécie de para-choque do poder público municipal, compreende-se a preocupação de grande parte da Câmara, mas, convenhamos, não é fatiando ainda mais o bolo orçamentário que se vai resolver o problema da arrecadação insuficiente para atender os reclames da população em geral. O momento exige diálogo, não embate! (Foto: Divulgação CMC)