Suprema falta de compaixão
Compaixão, em bom português, é "falta de piedade pelo sofrimento alheio, comiseração, dó, misericórdia". Pois a julgar por decisões bem recentes, há falta de um dicionário no mar de livros que superlota a biblioteca de nossa Suprema Corte.
Se isso se manterá até o fim só o tempo dirá, pois ultimamente decisão judicial no Brasil mais parece Denorex (aquele que parece remédio mas não é, lembra?) quando chega ao STF, mas o fato é que os nobres ministros têm sido implacáveis com os incautos que, manipulados por espertalhões e acreditando estar exercitando a verdadeira democracia, invadiram e depredaram as sedes dos três Poderes em Brasília, no dia 8 de janeiro.
Este pacato cidadão cascavelense Moacir José dos Santos, que aqui ganhava a vida como entregador e está preso em Brasília há quase oito meses após ser flagrado dentro do Palácio do Planalto no dia dos protestos, foi o quarto a ter sua condenação consumada e pegou uma pena de nada menos que 17 anos, 15 dos quais em regime fechado. Como já está com 52 anos, não é exagero algum supor que possa, eventualmente, nem sair vivo do insalubre sistema prisional brasileiro. O STF acerta em condená-lo, claro, pois assim impõe a lei. Mas exagera na dose.
Com prazo esgotado às 23h59 de ontem (2), a segunda leva de julgamentos do 8 de janeiro também terminou com a condenação de outros quatro réus a penas que variam de 12 a 14 anos de prisão. Em dois casos houve pedido de vista do ministro André Mendonça, por isso o julgamento ainda não foi concluído, mas pouco isso muda porque já há a maioria de votos necessária à condenação de ambos.
E se você costuma acompanhar o noticiário político é bom tomar fôlego, pois essa espécie de "via crúcis" bolsonarista ainda vai durar longo tempo já que 1.345 réus foram denunciados formalmente. Isso por enquanto, pois mentores dos atos do 8 de janeiro continuam sendo caçados País afora. (Foto: Reprodução redes sociais)