Negacionismo nocauteado
Uma das maiores preocupações da saúde pública brasileira na atualidade é a baixa cobertura vacinal contra as mais diferentes doenças, o que certamente refletirá num aumento considerável no número de doentes muito em breve, abarrotando ainda mais a já "engasgada" rede pública de atendimento.
Em anos passados um recordista em índices de imunização, o Paraná está tão preocupado com o tema que há poucos dias o Governo do Estado apelou à CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) que passe a usar as missas e outras atividades da Igreja Católica para incentivar as pessoas a se vacinarem.
Esse fenômeno não tem outra origem que não seja o negacionismo que tomou conta de boa parcela dos brasileiros durante a pandemia da Covid-19 por conta da polarização política que tomou conta do País, em uma mistura totalmente indevida e que acabou se mostrando letal para muitas vítimas do novo coronavírus.
E nesse esforço para voltar a separar política eleitoral de política de saúde, um passo importante foi dado longe daqui nesta segunda-feira (2), quando a bioquímica húngara Katalin Karikó e o médico norte-americano Drew Weissmann receberam o prêmio Nobel de Medicina em reconhecimento ao trabalho por eles reealizado no desenvolvimento de vacinas justamente contra a Covid-19.
"Através das suas descobertas inovadoras, que mudaram fundamentalmente a nossa compreensão de como o mRNA interage com o nosso sistema imunitário, os laureados contribuíram para a taxa sem precedentes de desenvolvimento de vacinas durante uma das maiores ameaças à saúde humana nos tempos modernos", justificou a Fundação Nobel.
Karikó foi vice-presidente sênior e chefe de substituição de proteínas de RNA na BioNTech até 2022 e é professora da universidade húngara de Szeged. Já Weissmann é professor de pesquisa de vacinas da escola norte-americana Perelman.
Juntos, eles encontraram uma maneira de modificar o mRNA através de na tecnologia revolucionária descoberta há mais de 15 anos e que permitiu a produção, em tempo recorde, de vacinas a partir de material sintético e, consequentemente, salvar milhões de seres humanos mundo afora. (Imagem: Pixabay)