Foto oficial desmente o general Augusto Heleno
Chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) no governo de Jair Bolsonaro, o general Augusto Heleno passou por maus bocados nesta terça-feira (26) diante da CPMI que apura os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, em Brasília. Ele até tentou não comparecer, apelando ao STF (Supremo Tribunal Federal) para tanto, mas o máximo que conseguiu foi o direito de ficar calado.
No entanto o general, conhecido por não ter papas na língua, resolveu falar e foi logo atacando o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, militar como ele e que fez um acordo de delação premiada dizendo que o ex-presidente buscou o apoio das Forças Armadas para tentar se manter no poder.
"Eu quero esclarecer que o tenente-coronel Mauro Cid não participava de reuniões, ele era o ajudante de ordens do presidente da República. Não existe essa figura do ajudante de ordens sentar numa reunião dos comandantes de Força e participar da reunião. Isso é fantasia. Isso é fantasia. E a mesma coisa é essa delação premiada, ou não premiada, do Mauro Cid...", garantiu ele.
Só que praticamente no mesmo instante, diversos órgãos de comunicação passaram a publicar uma foto oficial mostrando que o general Heleno estava faltando com a verdade. A imagem, extraída do perfil oficial do próprio Palácio do Planalto, mostra Bolsonaro reunido com os chefes da Marinha, Exército e Aeronáutica, o general Heleno e, logo atrás dele, o tenente-coronel Mauro Cid.
"Para caracterizar uma tentativa de golpe num país de 8,5 milhões de quilômetros quadrados com mais de 200 milhões de habitantes, é preciso uma estrutura muito bem montada. É preciso haver uma direção, uma cabeça muito preparada para conseguir fazer um golpe que dê certo com meia dúzia de curiosos que fazem umas besteiras. Não tem nada a ver com golpe", acrescentou o general.
Mas a relatora da CPMI, senadora maranhense Eliziane Gama, retrucou. "Houve planejamento sim, houve uma ação orquestrada feita a médio e longo prazo. Houve arrecadação de dinheiro. Nos 69 dias de acampamento, tinha gerador de energia elétrica. Tinha atividades de lazer. Houve financiamento de transporte dos manifestantes. Quando a gente fala de planejamento e liderança, houve incitação explícita por militares, civis e autoridades em grupos de WhatsApp", disse ela. (Foto: Reprodução)