O Dia da Pátria é para praticar o patriotismo
J. J. Duran
O Brasil foi construído com acertos e erros, mas não há dúvidas, da parte de quem examina a história com isenção, que o seu progresso deveu-se mais à força reivindicadora do povo do que à consciência das elites.
E preocupa sobremaneira hoje em dia a radicalização do processo político, fruto de um propósito claramente defensor da agitação ideológica.
O que a maioria não se dá conta é que a República não aceita imposições de credos políticos autoritários, e que implantar no coração do brasileiro o ódio é crime de lesa pátria, pois o ódio político-ideológico gera o terror e a violência, ingredientes básicos de um revanchismo totalmente estéril.
No 8 de janeiro, quando o negacionismo se abateu mais forte sobre a República e suas instituições, prevaleceu a voz daqueles que defendem o vandalismo destruidor e não daqueles que clamam pelo diálogo para manter o que de melhor os antepassados deixaram como legado.
E na véspera da data em que o País comemorava os 201 anos de sua independência, grupos radicais voltaram a incitar o povo a ausentar-se dos atos destinados a reconhecer o legado de liberdade.
Mas só os ingênuos e os politicamente retardados alimentam a radicalização ideológica como instrumento de posicionamento político, pois ela inspira a violência fratricida e faz lembrar, com sua mediocridade, os tempos dolorosos de usurpação democrática.
Quando o pensamento político se enrijece e o povo é chamado a tomar à força aquilo que é propriedade histórica de todos, perde-se a noção de um passado de triste lembrança.
Não existem dois Brasis, como não existe um Exército que pertença a um governante transitório, e a bandeira sagrada sempre deve tremular no céu da República, que é de todos. E todo esforço deve ser feito para desanuviar os espíritos e os horizontes.
Um Estado tumultuado é fruto de mensagens negativas e carregadas de medíocres menções a um personalismo quixotesco e sem sentido.
Reitero: não existem dois Brasis, nem duas bandeiras, e isso só ignoram os "intocáveis morais" que apregoam cinicamente uma honestidade inexistente.
O 7 de Setembro deveria ser unicamente o Dia da Pátria, jamais de ações político-partidárias que enxovalham a República. (Foto: Marcello Casal Jr/AGBR)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná