Quando o tiro sai pela culatra
Luiz Inácio Lula da Silva certamente esperava minimizar as resistências do Centrão à condução de seu governo criando o Ministério das Pequenas e Médias Empresas para entregá-lo ao PP de Arthur Lira, mas na prática não foi isso que aconteceu.
O anúncio da 38ª pasta ministerial, feito nesta semana, gerou reações fortes até de aliados de primeira hora, como é o caso do Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional), órgão de assessoramento direto da Presidência da República que havia sido desativado por Jair Bolsonaro em fevereiro de 2019 e foi reativado pelo atual presidente em fevereiro deste ano.
Presidido por Elizabetta Recini (foto), especialista em segurança alimentar e nutricional e professora da UNB, um reconhecido berço petista, o órgão se posicionou formalmente contra a iniciativa, e não poupou Lula.
Após destacar que 2023 começou "com todas as esperanças e compromissos para retomarmos políticas públicas que possam não apenas tirar novamente o Brasil do Mapa da Fome (flagelo que em 2022 atingia 33 milhões de pessoas) com comida de verdade, mas também reduzir as profundas desigualdades sociais historicamente presentes em nosso País", a nota do Consea diz que tais objetivos "só serão alcançados de maneira verdadeira e sustentável se ultrapassarmos a visão de políticas fragmentadas e interesses individuais ou outros que não o interesse público".
Ainda de acordo com o referido conselho, "a mudança na organização ministerial e a negociação do comando destas agendas por setores políticos que historicamente não se mostraram de fato comprometidos com as transformações urgentes que nosso País necessita coloca novamente em risco tudo que começa a ser retomado".
Em tempo: Cascavel está representada no Consea pelo engenheiro agrícola Valmor Pietsch - que, diga-se de passagem, nada tem a ver com o PT. (Foto: Divulgação UNB)