Estiagem reduz em pelo menos 9% a safra paranaense de trigo
Os produtores rurais do Paraná vivem um momento delicado com a estiagem que atingiu o Estado em junho e julho. Dados do Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná) mostram que algumas partes do Estado ficaram mais de 45 dias sem chuva, caso das regiões de Londrina, Maringá e Umuarama. Ponta Grossa, Guarapuava e Cascavel também enfrentaram seca superior a 30 dias.
O resultado é lavouras e pastagens de inverno com desenvolvimento prejudicado e, consequentemente, perdas consolidadas no campo, como mostram dados do Deral (Departamento de Economia Rural). O engenheiro agrônomo do órgão Hugo Godinho revela que a quebra no trigo já é realidade e, em alguns casos, irreversível. "Temos perdas bastante relevantes no Norte do Estado. Já é possível calcular 9% de perdas no total geral do Estado. Partimos de uma premissa que iríamos produzir 3,4 milhões de toneladas. Esse montante já recuou para 3,1 milhões de toneladas. Esperávamos alguns indicativos de perda, mas em algumas regiões já há média de 40% a menos", comenta.
Para o especialista, em alguns casos, mesmo que volte a chover normalmente, a água não resolve mais o problema das perdas. "Em boa parte dessas lavouras do Norte são registradas perdas totais. Nesses casos não tem mais para onde correr. A lavoura em si já está perdida. Para os produtores que estão nas outras regiões e alguns casos mais isolados no Norte que plantaram um pouco depois, ainda tem uma possibilidade de melhorar. Mas para boa parte dos produtores o que resta é, para quem tem, acionar o seguro agrícola", recomenda.
Em relação ao milho safrinha, o engenheiro agrônomo Edmar Gervásio, do Deral, comenta que essa última estiagem não afetou de forma significativa a produtividade. O problema, segundo ele, foi a seca anterior, entre os meses de abril e maio, que pegou a cultura em plena fase de desenvolvimento. "Com a colheita em andamento, já estamos basicamente com as perdas sacramentadas, com uma previsão de 2,7 milhões de toneladas a menos do que o previsto inicialmente [12 milhões de toneladas]. São cerca de 23% a menos de produto que vai deixar de circular no mercado e que têm potencial significativo de influenciar o abastecimento estadual", alerta. (Foto: Faep)