Hacker que dedurou Bolsonaro é sentenciado a 20 anos de prisão
A Justiça Federal condenou nesta segunda-feira (21) o hacker Walter Delgatti a 20 anos de prisão no processo da Operação Spoofing, deflagrada pela Polícia Federal em 2019. A sentença foi proferida pelo juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal em Brasília, mas ainda cabe recurso contra a decisão.
Delgatti foi preso em 2019 por suspeita de invadir contas de autoridades no Telegram, entre elas integrantes da força-tarefa da Lava Jato, como o ex-procurador Deltan Dallagnol, e na semana passada ganhou novamente as manchetes ao dizer à CPI do 8 de janeiro que o ex-presidente Jair Bolsonaro assegurou que concederia um indulto a ele caso invadisse as urnas eletrônicas.
Além de Delgatti, mais seis acusados também foram condenados pelas invasões de celulares. Além dos ex-procuradores da Lava Jato, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, o ex-ministro da Economia Paulo Guedes e conselheiros do Conselho Nacional do Ministério Público também tiveram mensagens acessadas ilegalmente.
Na decisão, de acordo com a Agência Brasil, o juiz disse que Delgatti tinha a intenção de vender as conversas hackeadas da Lava Jato por R$ 200 mil à imprensa e rebateu declarações do hacker, que, durante as investigações, declarou que violou as conversas para "combater injustiças" que teriam sido cometidas durante a operação.
"Só após perceber a resistência de jornalistas a pagarem para ter acesso a este material é que houve um esfriamento inicial no ânimo de Walter de obter numerário pela troca do material", escreveu o juiz.
Além da participação no hackeamento de autoridades, a sentença diz que Walter Delgatti obtinha dados bancários de diversas vítimas e comercializava as informações obtidas em chats especializados em crimes.
"Para melhor compreensão das técnicas de fraudes empreendidas por Walter, houve a degravação de um diálogo em que Walter se apresenta como responsável pela área técnica e segurança de uma instituição financeira e orienta um cliente de entidade bancária a realizar uma atualização em seu computador de forma a instaurar um programa malicioso", concluiu o juiz.
No início deste mês, Delgatti foi preso pela Polícia Federal em função de outra investigação, a invasão aos sistemas eletrônicos do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). A polícia investiga se ele agiu a mando da deputada federal Carla Zambelli ao emitir falso mandado de prisão contra o ministro do STF Alexandre de Moraes. (Foto: Lula Marques/AGBR)