El Niño deve ser danado de bom para a safra paranaense
Após três anos de escassez por conta da influência da La Niña, o agro paranaense deve enfrentar um período de chuvas na quantidade necessária para o bom desenvolvimento da nova safra por conta da chegada de outro fenômeno climático, o El Niño, que deverá permanecer até metade do próximo ano de acordo com os prognósticos.
"O El Niño muda o padrão dos ventos e aumenta as chances de passagem de frentes frias, causando chuvas. Com essas entradas mais frequentes de umidade, a tendência é que haja temperaturas acima do normal climatológico, aumentando, assim, a chance de granizos e tempestades", resume Heverly Morais, agrometeorologista do IDR-Paraná.
Segundo a especialista, ainda é cedo para cravar que o El Niño será de intensidade moderada a forte na influência dos eventos climáticos. Em 2018, por exemplo, último período do fenômeno no Paraná, ele foi fraco. Naquele período, choveu até menos que o normal (55 milímetros em outubro, quando a média é de 200 milímetros). Já 2015, último El Niño de intensidade forte, foi marcado por chuvas acima da média, com 516 milímetros em novembro.
"Em geral, na agricultura, é melhor que sobre água, do que falte. Então imagino que tenhamos boas perspectivas em relação ao clima para essa safra", complementa a agrometeorologista. "A previsão é que tenhamos precipitações significativas na primavera e verão, até o fim do ano e primeiro trimestre de 2024. As chuvas, em alguns momentos, podem ser mais fortes, com temporais severos, o que pode impactar em culturas do verão", revela Reinaldo Kneib, meteorologista do Simepar.
O El Niño também deve se refletir em um inverno menos rigoroso em 2023. Geralmente, a possibilidade de geadas tardias em setembro tira o sono dos produtores rurais que apostam nos cereais de inverno e na soja e milho no verão, já que temperaturas baixas significam prolongamento dos ciclos. Com o El Niño, a chance de o frio se prolongar e causar prejuízos diminui.
"Em ano de El Niño, a probabilidade de geada tardia é pequena. A chuva costuma ser melhor distribuída ou até mesmo acima da média, o que pode gerar problema também. Vale um alerta para as culturas de inverno, que podem enfrentar muita umidade na hora da colheita e também no plantio de verão, quando pode haver dificuldades na semeadura", pontua o meteorologista Luiz Renato Lazinski. "Com mais umidade, podemos ter mais doenças, o que exige cuidado por parte dos produtores nos manejos das lavouras. E, claro, preocupa na hora da colheita, que pode coincidir com períodos de bastante chuva", complementa.
APLICATIVO
No Paraná, o Sistema Faep-Senar disponibiliza gratuitamente uma ferramenta de previsão do tempo em seu site e seu aplicativo. Com esse dispositivo, os agricultores têm acesso às informações em tempo real dos 5.568 municípios do Brasil. A seção é uma das poucas que oferece informações para os próximos 30 dias e pode ser acessada clicando AQUI. (Foto: Divulgação Faep)