O populismo e suas banalidades
J. J. Duran
O populismo ideológico na política se apresenta há muito tempo como fator de soluções rápidas, simples e messiânicas para resolver os problemas advindos das desigualdades socioeconômicas que há muito afligem a grande maioria das populações e, no fim de tudo, pode ser entendido como a banalização do mal.
Com um discurso lacunar, direto e autoritário, líderes populistas captam a simpatia e a adesão cega de setores da sociedade normalmente beneficiados pelas manobras impudicas da elite do atraso ligada ao patrimonialismo.
Via de regra, o populismo faz uma mistura militar com setores mais fundamentalistas da igreja e líderes políticos dispostos a servir ao melhor pagador, por isso costuma atrair a simpatia de grande parte da faixa mais abastada.
No Brasil recente, Jair Bolsonaro se transformou em mito e adquiriu condição de preponderância no cenário político ao aprofundar, durante sua gestão governamental, velhas divisões que já existiam entre as diferentes capas que compõem o esqueleto republicano.
A polarização que isso gerou, opondo vertentes autoidentificadas de conservadoras e progressistas, é uma mostra inequívoca de que o País hoje vive um dos momentos políticos mais difíceis de sua história.
A visível passividade do eleitorado brasileiro e a irreflexão de amplos setores econômicos aprofundaram a desconfiança de setores exógenos ao fator político brasileiro sobre o horizonte do País.
Aliado a isso, é preciso reconhecer a existência, não só aqui, mas em toda a indo-América, de forte desconfiança nos partidos políticos e naqueles que os dirigem.
Esse cenário todo gera condições para que, ao chegar ao poder, o governante populista realize um frenético trabalho de desmonte do sistema eleitoral e laboral.
Esse fenômeno, que também ocorre em diversos países vizinhos, mostra que não somente os mitos têm culpa pela banalização do fator político-ideológico, mas também aquela fatia da sociedade que observa com olhar carinhoso aos autoritários populistas.
"Banalidade é o desapego do povo pela classe política em geral" - Jessé Souza.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná