Relógio ponto nunca mais
Entram em vigor exatamente nesta terça-feira, 1º de agosto - talvez não por coincidência o mês do cachorro louco -, as regras contidas em uma resolução do governo petista que simplesmente dispensa os servidores públicos federais do ponto eletrônico.
Convenhamos que realmente é chato ter que chegar no emprego e "bater o cartão" para provar não só que se está vivo, mas que se compareceu religiosamente no horário determinado em contrato para mais um dia de trabalho, mas confiar que todos os viventes do serviço público federal são pessoas que honram bigode e palavra é uma inocência tamanha quanto acreditar no coelho da Páscoa ou no Papai Noel.
Mas tem mais: para tornar tal "piada" realmente digna de algumas gargalhadas - não do contribuinte, é claro - eis que o tal Programa de Gestão e Desempenho, que é como se chama essa iniciativa repleta de humor negro, substitui o cartão, até agora única ferramenta eficiente para medir a frequência de quem realmente quer trabalhar, por um tal "controle de produtividade", que será baseado em metas e resultados.
"Todos os participantes estarão dispensados do registro de controle de frequência e assiduidade, na totalidade da sua jornada de trabalho, qualquer que seja a modalidade e o regime de execução", diz a tal instrução normativa, que confere ao chefe de cada departamento a responsabilidade por monitorar a produtividade de seus comandados e, por conseguinte, determinar no fim do mês se eles merecem o salário cheio ou deven sofrer alguns descontos no contracheque.
"Agora, mais do que cumprir a carga horária, será possível dar transparência aos resultados produzidos pelos participantes e às entregas das instituições", diz a justificativa do Ministério de Gestão para tal peripécia, para tristeza da indústria fabricante de relógio ponto.
Se os idealizadores dessa ideia pesquisassem, certamente descobririam que isso não dá certo há pelo menos pouco mais de 2 mil anos, desde Judas Iscariotis. (Foto: PixabaY)