Incentivando o ócio
Seria uma espécie de insanidade achar que o Bolsa Família é mero instrumento formal de compra de votos por parte dos inquilinos do poder, pois para muitas famílias menos providas pela sorte é a única garantia, ainda que insuficiente, das refeições diárias necessárias à sobrevivência.
Mas também não é correto achar que esse programa do Governo Federal é um modelo totalmente eficiente e que deva permanecer do jeito que está, pois dos beneficiários pouco ou nada se cobra, nem se oferece oportunidades concretas para que possam aprender uma profissão para, logo mais à frente, viver do próprio trabalho.
No Paraná, há um bom tempo já as semanas não começam com menos de 13 ou 14 mil ofertas de emprego, muitas das quais não são preenchidas por falta de candidatos. No entanto, nada menos que 593,5 mil famílias do Estado estão recebendo neste mês de julho o Bolsa Família, com um valor médio de R$ 678,60.
É algo totalmente paradoxal que em um Estado pujante como o nosso, cuja economia só não pulsa ainda mais acelerada por falta de mão de obra, nos contentemos com tanta gente dependendo de algo que, se por um lado é ferramenta eficiente de combate à fome, por outro é um incentivo para que muitas pessoas se mantenham ociosas e vivendo indefinidamente desse programa e de trabalhos apenas esporádicos, ou atuando na informalidade.
Em tempo: importante ressaltar que o Paraná ainda é uma "exceção à regra" nesse cenário, pois neste ano subiu para 13 o número de Estados brasileiros com mais beneficiários do Bolsa Família do que empregados formais: Maranhão, Piauí, Amapá, Pará, Paraíba, Acre, Alagoas, Sergipe, Bahia, Amazonas, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte. (Foto: AGBR)