A ditadura da opinião
J. J. Duran
A comunicação midiática, além de produzir uma opinião pública informada e crítica, gera e reproduz fatos políticos. E a vida política reflete a incidência da mídia no cenário político, repercutindo a realidade, embora muitas vezes a partir da verdade opinativa.
Mas a realidade muitas vezes se configura a partir de fragmentos da verdade, apoiada em falsas evidências ou relatos descontextualizados que produzem um cenário apenas fictício.
A elite do atraso, patrimonialista e pouco interessada na versão honesta da informação, costuma produzir mundo afora "mitos" sociopolíticos ilusionistas que acabam por permear a democracia de atos demenciais e que nada de bom constroem.
A mensagem ideológica com menções a textos bíblicos nunca foi aceita como válida pela maioria esmagadora da opinião pública, por isso é difícil compreender o falso imaginário salpicado por discursos ofensivos, que fomentam a busca de "inimigos" em cada canto de uma nação.
A chamada mídia canalha, que existe sim em muitos lugares, exibe esses impulsos enlouquecidos e alçam ao pedestal figuras opacas do cenário político, transformando-as em fontes indiscutíveis da verdade.
E as redes sociais também acabam assumindo papel de protagonismo nesse cenário, pois são fonte abundante para propagação de revanchismo, ódio e ambições ocultas e meramente personalistas.
Homem de sabedoria ímpar, o sociólogo francês Alain Touraine nos deixou o ensinamento de que os meios de comunicação verdadeiros, não atrelados, "são indispensáveis e cada vez mais importantes na vida política para construir a verdade na opinião pública". (Foto: Reprodução)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná