Biosseguridade é chave para garantir saúde na avicultura
Entrar em uma granja comercial requer alguns cuidados especiais para proteção dos planteis. Trata-se de um espaço com alto nível de controle sanitário ao qual só têm acesso apenas profissionais habilitados e credenciados para realizar o manejo, alimentação e demais rotinas junto às aves, especialmente prestadores de serviços eventuais e periódicos.
O acesso somente é permitido após desinfecção de roupas, equipamentos, troca de calçados e higienização das mãos. Esses são apenas alguns dos protocolos de biosseguridade estabelecidos para proteger a sanidade do plantel e afastar o risco da introdução de agentes nocivos que possam causar doenças às aves. Medidas como essas possibilitam ao Paraná manter posição de destaque na produção e exportação de aves e derivados do Brasil.
O empresário Roberto Kaefer, presidente do Sindiavipar (Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná), destaca que esse cenário só foi possível graças ao intenso trabalho desenvolvido nos últimos anos para reforçar a segurança sanitária na avicultura e manter o plantel paranaense longe de riscos de doenças como, por exemplo, a influenza aviária. "Foi uma iniciativa coletiva, na qual empresas, cooperativas e produtores trabalharam em parceria com os órgãos governamentais para garantir a qualidade e a segurança da produção de frango no Estado", salienta.
BOAS PRÁTICAS
O coordenador do Coesa-PR (Comitê Estadual de Sanidade Avícola do Paraná), Jurandir de Moura Júnior, médico veterinário sanitarista regional na Seara Alimentos/JBS, fala que a biosseguridade - estrutura e boas práticas agropecuárias - para proteger a saúde animal é uma exigência implantada há anos e constantemente aperfeiçoada na avicultura comercial.
Isso se deve, principalmente, ao trabalho contínuo dos produtores e das empresas avícolas focadas em treinamentos, checagem dos procedimentos, implementação de novos métodos de redução de cargas microbiológicas - como o enleiramento, que é um método de fermentação da cama aviária que atinge temperaturas de até 60º/70º graus Celsius, com alta redução da carga microbiológica realizada durante o intervalo entre lotes.
Além disso, veterinários e técnicos passaram a fazer visitas estratégicas às unidades produtoras e abatedoras, sempre que necessário, para dar orientações, esclarecer dúvidas e reforçar a importância de se manter os protocolos de biosseguridade.
Moura Júnior diz também que a tecnologia se tornou uma aliada das empresas, cooperativas e produtores nesse trabalho. "A modernização das granjas veio acompanhada de um maior rigor e monitoramento no cumprimento dos procedimentos sanitários executado pelos produtores", pontua.
O papel do Sindiavipar, da iniciativa privada, em parceria com os órgãos públicos e de controle, também foi fundamental para que o Paraná atingisse esse nível de controle na sanidade avícola. O coordenador do Coesa-PR conta que o setor investiu em biossegurança, promovendo melhorias para proteger a saúde humana e ambiental de riscos associados ao manuseio de agentes biológicos.
COMUNICAÇÃO COM O PRODUTOR
Josiane S. Maculan Salvo, vice-coordenadora do Coesa-PR e coordenadora de sanidade na Lar Cooperativa, conta que dentro das cooperativas também foram desenvolvidos diversos protocolos de biosseguridade e biossegurança com o objetivo de proteger os planteis de doenças da avicultura. O primeiro passo foi ampliar os canais de comunicação com os produtores e cooperados em relação às medidas de segurança.
Segundo ela, para evitar qualquer possibilidade de circulação do vírus da influenza aviária e de outras contaminações que possam infectar um plantel, a orientação é para que as granjas ou abatedouros não recebam visitas de pessoas que não estejam vinculadas ao sistema produtivo; reforcem as práticas de higienização entre os trabalhadores; façam a blindagem do sistema de água, que deve ser tratada e de fonte conhecida; garantam o isolamento das granjas para que aves de vida livre e outros animais não tenham contato com aves de produção comercial.
O alto nível de biosseguridade faz parte da rotina de manejo da avicultura comercial paranaense, que responde por cerca de 34% da produção nacional e 42% do volume de exportações do segmento. (Foto: Divulgação)