Entre o passado e o futuro
J. J. Duran
Nós indo-americanos temos vivido em meio a tragédias sociais, lágrimas e luto coletivo imposto por lutas fratricidas.
Ao longo dos últimos 50 anos, ficou mais do que exposto o divórcio existente entre a classe política com seus interesses pessoais e as necessidades da maioria da população.
Vivemos num continente fragmentado, moldado que foi pela imposição da globalização e pela pobreza histórica fruto da rapina internacional e do descuido dos patriotas, sejam eles de direita ou esquerda.
Com a insensatez imposta por diferentes vertentes ideológicas e que sempre se alternaram no poder, a chamada sociedade elitista levou o continente ao abismo econômico e a polarizações improdutivas, que deixaram como sequelas estúpidas mortes, especialmente nos anos de 1960, de muitos que se entregaram à luta por seus ideais românticos e libertários.
Dezenas de milhares sucumbiram diante da usurpação de várias repúblicas em nome de premissas de duvidosa verdade.
Prisões, torturas e exílios perpetrados por seres humanos que mais pareciam chacais famintos de sangue marcaram o que eu defino como a "década perdida" pela indo-América, durante a qual muitos morreram na luta pela liberdade da qual usufruem hoje os ladrões da verdade republicana.
Há que se reconstruir o tempo da esperança iniciado naquela época, desligando a sociedade da impotência sonolenta apregoada pelos novos apóstolos republicanos.
A indo-América continua sendo espoliada e manipulada pelo cinismo político e pela cegueira paralisante de grande parte da sociedade eleitora.
Entre os horrores do passado e os medos do futuro, seguimos sendo um continente frustrado por crises institucionais que mantém uma enorme distância entre eleitores e os prometedores de novos tempos.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná