Abandono de rodovias preocupa o agronegócio
Material intitulado "Setor produtivo prevê problemas nas rodovias para escoar próxima safra", postado nesta sexta-feira (26) no site da Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná), reforça a preocupação dos produtores rurais paranaenses com o escoamento da nova safra, a maior da história do Estado.
"O setor produtivo está vigilante. Desde o fim das concessões, as nossas rodovias ficaram em estado de abandono. Incidentes que poderiam ter sido previstos, evitados ou minimizados afetaram o transporte da nossa safra de grãos. Tudo isso trouxe prejuízos aos produtores rurais. Queremos que esse cenário não se repita na próxima safra", afirma o presidente da Federação, Ágide Meneguette.
"O setor produtivo está preocupado, porque não se trata de processos simples. Quando as antigas concessões venceram, em novembro de 2021, as rodovias estavam em condições razoavelmente boas. Mas a malha ficou, desde então, se deteriorando. Quem assumir, vai precisar fazer uma série de obras de recuperação. Não são coisas que se fazem do dia para a noite. Na melhor das hipóteses, são obras que levam um semestre", reforça o consultor de logística Nilson Hanke Camargo.
A preocupação reside no fato de só terem sido marcados, até o momento, os leilões de dois dos seis lotes que integram o projeto do novo pedágio, e que para os demais não há qualquer previsão concreta, o que significa que as futuras concessionárias ainda levarão muito tempo para recuperar a malha viária do Estado a ponto de garantir a normalidade necessária ao transporte da produção agropecuária.
A degradação das rodovias paranaenses começou a ficar evidenciada em outubro do ano passado, quando as encostas da BR-277 deslizaram sobre a pista, na altura do Km 42, provocando a interdição total da rodovia. Em razão disso, o trecho ficou bloqueado por três dias. Somente a partir do fim da tarde de 17 de outubro é que se liberou uma faixa para o tráfego. O problema só foi resolvido em abril deste ano, e nesse meio tempo os condutores conviveram com enormes filas e grandes atrasos.
EMBASAMENTO TÉCNICO
Ainda em dezembro de 2022, a Faep contratou um estudo elaborado pelo geólogo Elbio Pellenz, especialista em Geologia da Engenharia, que apontou o deslizamento na BR-277 como evitável ou com impactos minimizados se houvesse um serviço de monitoramento geológico, análise dos riscos e planejamento na rodovia. Esses trabalhos tinham sido interrompidos com o fim da concessão da malha rodoviária do Paraná.
Outro estudo contratado pela Faep e pela Fetranspar junto à Esalq-USP e realizado no mês de abril trouxe mais dados sobre o prejuízo que os incidentes causaram. Um dos reflexos imediatos foi o aumento do custo do frete. Segundo a avaliação, o custo do transporte das regiões produtivas a Paranaguá chegou a ficar 30% mais caro. Um dos exemplos citados no estudo é o de Cascavel, cujo preço médio do frete chegou a R$ 133 por tonelada. Nos últimos quatro anos, esse custo não chegou a R$ 100.
A Esalq-USP estimou o impacto econômico causado por interdições ou lentidões na BR-277 em diferentes períodos. Em um cenário de bloqueios ou atrasos médios de 1,5 hora por dia ao longo de seis meses, o prejuízo causado foi de R$ 147,2 milhões. Se os atrasos se arrastaram por uma média de 4,5 horas por dia, o aumento do custo foi de R$ 448,5 milhões.
Confira o estudo completo clicando AQUI. (Foto: AENPR)