Grolli mostra em Rondônia o que dá certo em Cascavel
Produtividade das principais commodities brasileiras, desafios estruturais do País e preservação ambiental foram alguns dos assuntos apresentados pelo presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, durante palestra na 10ª Rondônia Rural Show. A feira técnica acontece nesta semana em Ji-Paraná e recebe cerca de 200 mil visitantes das mais diferentes regiões do País.
Para um público formado por agropecuaristas e técnicos, Dilvo falou da importância de eventos como a Rondônia Rural Show, hoje o quarto maior do calendário nacional. "Vocês têm que se orgulhar do que conseguiram", destacou o presidente da Coopavel, após citar o Show Rural, realizado desde 1989 em Cascavel. "Na primeira edição, recebemos 110 pessoas e na mais recente foram mais de 384 mil visitantes. Eventos técnicos como esses dão enorme colaboração ao fortalecimento do agro brasileiro", afirmou.
Dilvo empregou o exemplo da produtividade da soja para comprovar a importância das feiras de disseminação de conhecimentos e inovações ao produtor rural. A produtividade brasileira da soja é de 3.527 quilos por hectare, superior à norte-americana que é de 3.477. Por sua vez, em Rondônia a produtividade é de 4 mil quilos, superior aos 3.967 do Paraná. Mas no Show Rural, neste ano, seis das cultivares testadas produziram acima de 6 mil quilos de soja por hectare. E esse bom resultado também acontece no milho, cereal que ditará o futuro da força do agro nacional, afirmou o presidente da Coopavel.
DESAFIOS
Os principais problemas do agro brasileiro são a falta de armazenamento, com déficit de 120 milhões de toneladas por ano, de priorização de caminhões no transporte de grãos e derivados (65% do total das cargas seguem por rodovias) e os elevados custos dessa operação. O modal rodoviário custa o dobro do ferroviário e o triplo do fluvial, afirmou Dilvo. O custo para transportar uma tonelada de soja ou milho por mil quilômetros é de 26 dólares nos Estados Unidos, 43 na Argentina, 50 no Paraná e em Rondônia e a média brasileira, por sua vez, chega aos 90 dólares.
Dilvo apontou as principais dificuldades do cenário da economia mundial: recessão, escalada da inflação em muitos países, aumento das taxas de juros, efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia, elevação de gastos por parte dos governos e, no caso do Brasil, além das limitações em infraestrutura, há a incerteza do que virá com a reforma fiscal.
COOPERATIVISMO
Ao sugerir que se olhe para as propriedades rurais como meio para desenvolver as regiões, Dilvo falou da força do cooperativismo paranaense. "No nosso Estado, atualmente 70% da soja passam pelo sistema cooperativista, e também 62% do milho e 55% trigo. Exportar uma tonelada de soja rende R$ 2,4 mil, e R$ 1,2 mil na do milho, mas mandar para o estrangeiro uma tonelada de carne suína rende entre R$ 8 mil a R$ 10 mil e entre R$ 6 mil a R$ 8 mil na carne de frango". A cooperação, como aconteceu no Paraná, é um agente de desenvolvimento, distribuição de renda e oportunidades.
A responsabilidade ambiental dos produtores rurais brasileiros foi outro dos pontos abordados por Dilvo na Rondônia Rural Show. O Brasil tem 60% do seu território preservado e, ao contrário do que alguns afirmam, o agro preserva sim. "Só no Brasil, os agricultores doam, dependendo da região, entre 20% e 80% de suas terras à preservação. Precisamos ser respeitados e valorizados por essa atitude. Nós alimentados o mundo", afirmou o presidente da Coopavel.
Durante a Rondônia Rural Show foi realizada assembleia de constituição da primeira cooperativa de produtores de cacau daquele Estado. A Coopcar abrange produtores dos municípios de Jaru, Ouro Preto, Ji-Paraná, Alta Floresta, Presidente Médici, Teixeirópolis, Theobroma, Cacaulândia, Vale do Paraíso, Vale do Anari, Nova União, Porto Velho e Cacoal. (Foto: Divulgação)