O mundo está em choque
J. J. Duran
Vivemos um tempo de crise universal. A humanidade se debate no redemoinho do ódio e de conflitos de interesses contrariados, enquanto os prodígios da ciência estarrecem e escurecem a mente do homem.
As religiões se debilitam em meio a uma atmosfera desgastante de adesões políticas de difícil leitura para doutrinar consciências.
Uma apavorante e disciplinada rede de religiosos faz uso equivocado da palavra de Deus para defender uma ideologia política há muito contestada por disseminar a guerra, não a paz.
É preciso reconhecer, no entanto, que a culpa por esse genocídio moral não é das igrejas, mas daqueles dentro delas que pregam o ressurgir dos tempos apocalípticos do fratricídio político.
Poderosos homens de toga fazem o mesmo, tomando decisões contraditórias e, com isso, prejudicando o restabelecer da verdade dos fatos mais chocantes que afligem a sociedade.
Enquanto isso a economia, prostrada aos pés do deus mercado, parece viver um tempo de misérias e guerras para garantir aos ricos ainda mais riqueza, mesmo que seja à custa da fome dos deserdados da justiça social.
No Brasil dos dias atuais parece que já não se admite mais que governo e oposição possam conviver num mesmo espaço e que possuam deveres inalienáveis com a sociedade.
Devemos mirar o passado e lembrar que em outros tempos foi possível a convergência política e ideológica de todas as tendências para controlar crises que colocavam as instituições em risco.
É nisso que devemos nos espelhar para defender a tese de que, neste tempo em que a República ainda está aturdida pelos atos de 8 de janeiro, devemos lutar com todas as forças contra a falta de grandeza e a favor da reconciliação necessária para que os vizinhos deixem de nos mirar com olhos de preocupação.
Que se disciplinem as ideias. Que cada partido defenda e levante bandeiras, porém num espaço de paz, tolerância e compreensão de que somente unidos poderemos construir a nação que almejamos
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná