A cultura do ódio
J. J. Duran
A herança deixada pelos governos autoritários, náufragos ideológicos que não conseguem encontrar a verdade, sempre fica exposta nos recintos parlamentares.
Na esperançada indo-América, eternamente defraudada pelos mitos sistêmicos da política, pode-se encontrar o autoritarismo facilmente nos recintos onde a democracia permite o debate amplo.
O parlamento brasileiro, que procura reconduzir o País a um caminho democraticamente iluminado, com compreensão, moderação e participação construtiva de situação e oposição, é peça fundamental para que os eleitos pela vontade das urnas sejam vozes estritamente com essa finalidade.
Nesses recintos a tarefa mais importante neste momento é pacificar os espíritos, não cair nos perigos que uma polarização política representa para uma sociedade majoritariamente despreparada para vivenciar um momento assim.
Frente ao rescaldo da incitação involuntária, por torpeza ou incompreensão da realidade feita em muitas tribunas por eminentes cidadãos políticos, a tarefa mais importante é legislar de forma a obstaculizar processos de enfrentamento protagonizados por aloprados com o intuito de destruir a democracia participativa.
A reconstrução do Estado Democrático de Direito não pode e não deve ser obra exclusiva de um governo, mas fruto de uma conjugação de esforços de todos os segmentos da sociedade.
Em tempos de polarização política a reconciliação se impõe em nome da segurança e da paz.
Que nossos governantes e nossos representantes no Parlamento atentem cada dia mais para as ondas densas brotadas do coração do povo clamando pelo entendimento e pelo trabalho sério destinado a dar fim aos tempos de promessas descumpridas de combate às desigualdades econômicas e sociais que afetam parcela expressiva da população.
Aos mais míopes ou seguidores de uma tendência política nada construtiva deve-se mostrar que conciliar e compreender é restaurar a paz dos espíritos e deixar o rancor e o revanchismo fora de todo pensamento democrático.
Devemos nos empenhar para que o vocábulo ódio fique submerso nas páginas da história. (Foto: AGBR)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná