Gilmar Mendes fala o que não deve e depois pede desculpas
A fala de improviso é uma espécie de faca de dois gumes, pois uma declaração mal feita é suficiente para causar enormes prejuízos, sobretudo à imagem de quem fala. Que o digam Dilma Rousseff, Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva, que se notabilizaram por se meter em polêmicas homéricas um tanto quanto recentes por conta de afirmações equivocadas.
Mas isso não se restringe apenas ao cenário político, embora este, por suas características, seja um terreno fértil para tanto. Prova disso é o que vem de acontecer com o ministro do STF Gilmar Mendes, que é professor, acadêmico, escritor e jurista e, mesmo assim, se viu obrigado a usar as redes sociais nesta terça-feira (9) para desfazer, dentro do possível, um tremendo mal estar causado por uma declaração feita ontem (8), quando havia definido Curitiba como o gérmen do fascismo.
"Ontem, em entrevista ao Roda Viva, usei uma metonímia que merece explicitação. Jamais quis ofender o povo curitibano. Não foi Curitiba o gérmen do fascismo; foi a assim chamada "República de Curitiba" (Operação Lava Jato e os juízes responsáveis por ela na capital paranaense)", postou Gilmar Mendes.
O mea-culpa - que remediou apenas parcialmente o estrago já que a maioria esmagadora dos paranaenses aprovou a Lava Jato de acordo com inúmeras pesquisas de opinião - foi feito depois de ele receber uma saraivada de críticas. "O Paraná é terra de gente trabalhadora, que tem como norte o progresso, a lei e que repudia a corrupção e toda e qualquer forma de intolerância e preconceito", reagiu o governador Ratinho Junior. "Não confundam o bom povo curitibano e o grande nome da nossa amada Curitiba com qualquer briga política", exortou o prefeito Rafael Greca.
Alvos diretos da crítica, o ex-juiz e hoje senador Sergio Moro e o ex-procurador e hoje deputado federal Deltan Dallagnol já haviam reagido anteriormente. "Mentiras e ofensas pessoais absolutamente desarrazoadas", definiu Moro. "O ministro destila um ódio que mostra o que há em seu coração. Sua mensagem é perversa e avessa ao que é justo, moral e ético", criticou Dallagnol. (Foto: Reprodução TV Cultura)