Um debate de aloprados
Os dicionários da língua portuguesa definem o termo "aloprado" como um sujeito com dois predicados cuja soma é uma espécie de bomba-relógio do comportamento humano: desajuizado e inquieto.
Em assim sendo, é imperativo concluir que a discussão sobre o projeto das fake news que tomou conta de boa parte da imprensa e, sobretudo, da internet está contaminado por ignorância absoluta da maioria dos contendores, apesar de o tema estar em pauta no Congresso Nacional há três anos.
Uma fatia maior por puro desconhecimento e outra menor, mas barulhenta e a serviço do "quanto pior, melhor", inundaram esse importante debate com teses tolas e que só se sustentam pelo interesse em confundir e não em esclarecer.
O chamado Primeiro Mundo há muito criou mecanismos para regulamentar e fiscalizar melhor as redes sociais, aplicativos de troca de mensagens e ferramentas de busca - vide EUA e vários países da Europa. E se lá é assim, por que não ser aqui também?
Todos têm o direito a emitir a sua opinião, mas, ao mesmo tempo, todos têm o dever de respeitar seus contendores. Esta é a essência da democracia. Sem regras, vira baderna. Aliás, já virou há bastante tempo, tornando a internet um ambiente totalmente tóxico e repleto de desinformação.
Se há alguns "jabutis" inseridos no referido projeto - e, ao que parece, realmente há - vamos eliminá-los pelo debate, mas para tanto é necessário começar pela leitura atenta da proposta, o que a maioria esmagadora dos debatedores sequer fez, deixando-se "engravidar" pelos olhos e ouvidos.
Criar regras para o uso da internet não é censura, é puramente bom senso. (Foto: Pedro França/AGBR)