Paraná busca solução para melhorar segurança escolar
A Assembleia Legislativa do Paraná reuniu especialistas, pais, professores, representantes da educação, da segurança pública e da sociedade civil para tratar de mais proteção nas escolas paranaenses durante audiência pública proposta por três importantes comissões da Casa (Segurança Pública, Constituição e Justiça e Educação) e realizada na noite de ontem (25).
Também participaram os secretários de Segurança Pública, coronel Hudson Leôncio Teixeira, e de Educação, Roni Miranda Vieira, pastas diretamente ligadas a uma preocupação generalizada na sociedade e que aumentou após os ataques deste ano, que deixaram uma professora e quatro crianças mortas. A audiência mostrou ações que já foram tomadas no Paraná após os últimos incidentes e o papel da Assembleia para desenvolver mais ações de prevenção e proteção.
"Fomos pegos de surpresa com esses atos que causaram pavor a todos. Nós, alinhados com o governo, tivemos de trabalhar nesse sentido para apresentar propostas e soluções. As escolas não podem ser espaço de medo. Além da segurança, esse tema exige uma ampla mobilização", afirmou o deputado Adriano José.
"Uma série de ações tomadas pelos parlamentares resultou em 11 projetos de lei, com vários autores, cada um trazendo uma abordagem importante e indicando algum tipo de solução", explicou Tiago Amaral. "No entanto, é necessário que esses projetos estejam realmente alinhados. Por isso, a participação dos especialistas, para que esse tema seja tratado em uma mesma direção com todas as estruturas", acrescentou.
"O objetivo foi trazer os atores que compõem esse cenário da segurança pública na educação, envolvidos diretamente para debater da forma mais técnica possível. Nós esperamos um tempo para não tripudiar sobre a tragédia. Não é um debate político. Nos preocupa, preocupa os pais e temos que estar atentos e vigilantes a cada momento. Sem criar nenhum pânico, mas com muita responsabilidade, porque esse problema não acabou", afirmou Hussein Bakri.
Enquanto o secretário Hudson Leôncio Teixeira relatou as medidas tomadas pelo governo do Paraná nas últimas semanas, inclusive com a colocação de 5.600 policiais nas escolas, o secretário de Educação, Roni Miranda Vieira, ressaltou que, na verdade, há um pacote de ações em andamento, que incluem inclusive o treinamento de professores e um investimento de R$ 20 milhões na aquisição de equipamentos e criação de um botão de segurança para ser usado em casos extremos.
GRUPO DE TRABALHO
Já o deputado cascavelense Professor Lemos sugeriu a criação de um grupo de trabalho com várias comissões na Assembleia Legislativa para somar com o Poder Executivo. Ele também destacou que leis já aprovadas sobre o tema sejam colocadas em práticas. "Como a que defende a presença de psicólogos e assistentes sociais nas escolas, a de prevenção ao bullying, além de assegurar que as escolas tenham equipes pedagógicas completas".
"Cheguei a ministrar diversas palestras em escolas, onde vimos que pais chegaram a mandar filhos com facas para escola para se protegerem. O que não é uma solução, é resultado do medo. Mas temos de trabalhar com inteligência, investimentos nas polícias do Paraná e em programas de governo, como tem sido feito", contou deputado Tito Barichello.
O procurador federal Marcelo Alberto Gorski Borges, por sua vez, defendeu que sejam importadas medidas já usadas nos Estados Unidos, onde o volume de massacres é muito mais frequente - com 120 registros apenas este ano -, e adaptá-las à realidade brasileira. "A melhor solução é a construção de um ambiente saudável, identificar o jovem que está nesse caminho para a violência e levá-lo para o acolhimento", resumiu. (Foto: Valdir Amaral/Alep)