Por que? (final)
J. J. Duran
O tempo e a nova realidade surgida dos fatos que desencadearam o apocalíptico momento de 8 de janeiro na sociedade brasileira não podem ser colocados dentro dos limites do auto engano, pois foram protagonizados, em parte, por verdadeiros xiitas.
Na política, a dimensão simbólica dos fatos sempre teve presença importante na reconstrução da verdade e nos tempos agudos da decomposição ideológica, e o discurso inflamado, ameaçador, autoritário e opressor aos opositores do pensamento oficial sempre formou parte importante da polarização.
Como uma gestão de governo o bolsonarismo também teve seus méritos, mas sem um projeto que abarcasse as necessidades de desenvolvimento do País acabará julgado pelas gerações futuras como uma era marcada pelo desencontro político-social e até religioso imposto por uma parte mais radical de seus seguidores.
Foi um período em que a informação nua e crua sofreu a maior pandemia de desinformação, orquestrada e mantida desde os porões de um poder paralelo ao oficial.
No calor dos acontecimentos, quando xiitas equivocadamente considerados por parte da sociedade como patriotas sacudiram os alicerces da formação fraterna e respeitosa que quase sempre marcou o sistema de vida brasileiro, o País se dividiu ao meio e deu vazão a um radicalismo totalmente desagregador.
Como poder eleitoral e pensamento político, o bolsonarismo resultou do intento de militarizar novamente o poder democrático em um momento romântico do cenário sociopolítico.
Analistas desprovidos de rancores circunstanciais definem esse momento
autoritário como manifestação neurótica de núcleos da autointitulada direita brasileira, até converter-se em neurose desatada nos atos terroristas de 8 de janeiro de 2023.
Mas é importante reconhecer que o bolsonartismo raiz, aquele defendido pela ação fundamentalista de líderes pentecostais evangélicos, não terminou seu ciclo político.
Segue viva a esperança de muitos no retorno do "Mito". E por que isso: por solidão ou por frustração ideológica? (Foto: Marcos Corrêa/PR)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná