Governo muda de ideia e vai apoiar criação de CPI
O episódio da depredação das sedes dos três poderes em Brasília, no dia 8 de janeiro, teve duas novidades importantes nas últimas horas. Enquanto no âmbito judicial o Supremo Tribunal Federal formou maioria de votos para transformar em réus os primeiros 100 denunciados pelo quebra-quebra, no âmbito político o governo decidiu mudar de lado e apoiar a abertura da CPI Mista sobre o tema, proposta pela opinião no Congresso.
"O vazamento editado dessas imagens [as que culminaram com a queda do ministro-chefe do TSI, general Gonçalves Dias] cria uma nova situação política e, por conta disso, orientamos e o líder na Câmara, o líder no Senado e o líder no Congresso, no diálogo com os líderes dos partidos que compõem a base tanto na Câmara do Senado, a afirmar claramente, desde ontem, que caso a sessão do Congresso na próxima semana tenha a leitura da instalação de uma CPMI, nós apoiaremos a instalação", disse o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, ao anunciar a nova posição do governo nesta quinta-feira (20).
"Vamos orientar os líderes dos partidos da base a indicar membros para essa CPI. Vamos enfrentar este debate político que está tentando ser criado por aqueles que passaram pano para os atentados e terroristas do dia 8 de Janeiro", acrescentou o ministro, ressaltando entender que isso será uma "pá de cal" na tentativa de parlamentares da oposição de criar o que ele chama de "teoria terraplanista" de que integrantes do governo Lula estariam envolvidos nos atos.
Ainda segundo o ministro das Relações Institucionais, o governo quer uma "apuração detalhada" das imagens divulgadas pela CNN. "Por que se borra uns e não se borra outros? Se omitiram imagens, o governo quer saber. Apuração completa, envolvendo todos os agentes ali", declarou.
Por outro lado, o ministro do STF Falexandre de Moraes deu prazo de 48 horas para que a Polícia Federal ouça o agora ex-ministro do GSI, general Gonçalves Dias, que renunciou ontem ao cargo após aparecer em vídeo suspeito com manifestantes no Palácio do Planalto durante os protestos de 8 de janeiro. (Foto: Valter Campanato/AGBR)