Cidade de Cascavel tem 81 mil árvores, mas ainda é pouco
Difícil quem não se encante com as árvores em um pequeno trecho da Rua Pernambuco, em Cascavel, que pela grandiosidade formam um túnel sob o qual passam a todo momento veículos e pessoas. Esse cenário também é visto em alguns outros pontos da cidade, que aliás, tem catalogadas pouco mais de 81 mil árvores, mas precisa plantar muitas mais.
Parece muito, mas não é. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o ideal é ter 36 metros quadrados de área verde ou três árvores por pessoa e Cascavel tem uma árvore para cada pouco mais de quatro pessoas.
Mesmo assim, ao contrário de outras 222 cidades do Paraná, a Capital do Oeste tem um Plano Municipal de Arborização, que foi aprovado em 2015 e possibilita, entre outras atividades, um diagnóstico qualitativo e quantitativo e estratégias de plantio.
O Crea-PR (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná) teve participação na elaboração desse documento, até porque o engenheiro florestal e o engenheiro agrônomo são peças essenciais nesse processo, que recebe vistorias periódicas do Ministério Público.
"É observado como anda o cumprimento das atividades que foram programadas pelo plano. Se o Município cumpriu somente em parte, o Ministério Público faz um aviso e repassa as orientações para que seja viabilizado o que está atrasado. Caso nada tenha sido cumprido pode até mesmo ser estabelecido um TAC - Termo de Ajustamento de Conduta", explica a engenheira florestal Flávia Gizele Konig Brun, conselheira do Crea-PR na Câmara de Agronomia.
A Secretaria de Meio Ambiente, embora tenha feito um intenso trabalho, reconhece que há dificuldades para cumprir tudo o que está previsto no Plano Municipal de Arborização. "No poder público municipal destacamos o número reduzido de servidores municipais para o desenvolvimento das atividades que envolvem etapas concomitantes de plantio, condução das mudas, podas e remoções necessárias", afirma o secretário de Meio Ambiente, Nei Haveroth.
Ele considera ainda como empecilhos os projetos arquitetônicos e de engenharia que não contemplam a presença de árvores pré-existentes. "Isso ocasiona um grande número de pedidos de remoção que poderiam ser evitados. Além disso, o comum plantio de mudas de árvores em desacordo com o Plano Municipal acontece na cidade", acrescenta.
MAIS 60 MIL MUDAS
O Plano Municipal de Arborização estipulou como meta o plantio de 60 mudas/dia para que fosse alcançado o número ideal para o perímetro urbano. No entanto, ajustes deverão ser feitos pela Secretaria de Meio Ambiente. "Considerando as dificuldades logísticas atuais e estando no momento presente bem abaixo de atingir a meta diária estipulada, a Secretaria de Meio Ambiente está reestruturando seus cronogramas para atendimento integral das metas", argumenta Haveroth.
De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente, Cascavel está inserida no bioma Mata Atlântica, que é representada na região pela tipologia denominada de Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila Mista, o que caracteriza o tipo de arborização a ser utilizada.
"No entanto, ainda encontramos no perímetro urbano espécies plantadas nas décadas de 70 e 80, dentre as quais destacamos ligustros, grevíleas, paineiras, palmeiras, canafístulas, sibipirunas e tipuanas. Atualmente, em especial os ligustros e as palmeiras vêm sendo substituídos por espécies adequadas de acordo com o Plano de Arborização", esclarece Haveroth.
CONSCIENTIZAÇÃO
O gerente da regional do Crea-PR em Cascavel, engenheiro civil Geraldo Canci, destaca que é fundamental que os municípios paranaenses desenvolvam um plano diretor de arborização urbana para melhoria da qualidade de vida da população, além dos benefícios ambientais, sociais e econômicos.
"Com certeza, a atuação de profissionais habilitados é fundamental em todas as etapas da gestão da arborização urbana. Desde a produção das mudas, escolha de espécies adequadas ao clima e às condições urbanas, até o plantio, manejo e poda das árvores. Eles devem ser capacitados para avaliar o estado das árvores e tomar decisões adequadas para garantir a segurança das pessoas e a saúde das árvores", argumenta. (Foto: Divulgação Crea-PR)