E agora, Michel Temer?
J. J. Duran
Em nenhum momento do seu nefasto governo o reformista Michel Temer e seus brilhantes colaboradores, tanto da suíte presidencial quanto das sombras do desvalido Parlamento, tomaram a decisão de colocar a verdade e a realidade como vocábulos centrais do conceito de governar.
Optou o presidente, como muitos de seus fervorosos seguidores, em usar a mentira no lugar da verdade, coisa que o tempo e a história se encarregarão de mostrar. E se tivessem usado a verdade como atributo, os resultados de seu ilegítimo governo certamente teriam sido outros.
Ao esconder o real quadro nacional, este governo foi seguido também pela parte da imprensa disposta a fazer da mentira uma moeda gananciosa. Esqueceram que no Brasil, como em qualquer outro país civilizado, a verdade sempre acaba se impondo.
Na política e nos negócios, verdade e mentira se adaptam de acordo com os interesses pessoais. E muitos políticos dizem abertamente não necessitar da verdade para triunfar.
Diante desse cenário, somos levados a acreditar que sem uma mudança ampla das figuras e das estruturas político-partidárias que hoje formam os resíduos deixados agonizantes pela Operação lava Jato, o futuro será a continuidade do presente.
Mas é animador constatar que a verdade está desabrochando com toda sua rudeza neste tempo pré-eleitoral, ao mesmo tempo em que vai perdendo força a mentira sustentada fervorosamente nestes últimos anos, e que vai se transformar numa espécie de cadafalso daqueles que ainda persistem em tentar se perpetuar neste tempo defraudatório amparados pelo indigesto foro privilegiado.
Vivemos um momento de clara perda de credibilidade dos atores políticos, bem como dos meios de comunicação que insistem em não compreender que a tecnologia superou a parcialidade da informação. As redes sociais são as veias abertas da sociedade e por elas corre livre a verdade, desvelando o passado oculto de cada homem público.
Hoje estamos assistindo, dentro e fora do âmbito da Operação Lava Jato, a um triste momento que mostra a vergonhosa decadência de figuras destruídas moralmente, mas que ainda assim sonham com o esquecimento, por parte do povo brasileiro, da enorme ferida que causaram aos milhões de incautos que, lá atrás, acreditaram no seu discurso redentor.
Já dizia J. F. Kennedy que "na política, como na vida, aqueles que subestimam a memória do povo não merecem ser votados".
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras