Do Haiti ao Palácio do Planalto (final)
J. J. Duran
O bolsonarismo sucumbiu junto com os demenciais manifestantes que escreveram a página mais triste da História brasileira recente com a invasão das sedes dos três poderes no dia 8 de janeiro último.
Para seus opositores, Jair Bolsonaro, que emergiu do baixo clero do Congresso Nacional diretamente para a Presidência da República, pode ser catalogado como pessoa não virtuosa, apenas esperta, mas duvidosamente inteligente.
Ainda segundo esses opositores, sua lacunar forma de incitar a massa militante ao pedir sistematicamente o desmonte do sistema republicano é mostra inequívoca de sua audácia e de uma mente militar estilo prussiano.
E mais: durante sua gestão, além das motociatas alegres e ruidosas realizadas para apaziguar suas vozes ególatras, fragilizou o poder republicado e, com gestão visível do banqueiro Paulo Guedes e seu grupo liberal, suprimiu programas sociais, desmontou a cultura nacional e fragilizou a defesa do meio ambiente e o sistema público de saúde.
Para isso ele contou com o apoio da opinião pública e publicada, sustentada por uma elite de privilegiados e pelas famigeradas redes sociais, onde reinaram absolutas as fake news produzidas pelo chamado gabinete do ódio.
Um gabinete, por sinal, que deve ser criteriosamente investigado por ter sido o berço de aloprados que atacaram as principais instituições da República, esquecendo que "as ideias não se mata e a democracia não morre num recinto ensanguentado" por cultuadores de uma filosofia política que, por certo, continuará ainda por muito tempo escurecendo o cenário democrático brasileiro.
Por tudo isso, para esses adversários Bolsonaro tem o dever de explicar e não o direito de silenciar sobre o fato de ter sido, enquanto no comando do País, um ativo defensor da volta do autoritarismo nas terras indo-americanas.
Diante desse cenário consideram lamentável não só a viagem do ex-presidente para os Estados Unidos, mas também o silêncio dele e dos membros do clube das quatro estrelas frente aos atos primitivistas e reprováveis do dia 8 de janeiro. (Foto: AGBR)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná