E quando começa o governo?
Luiz Inácio Lula da Silva assinou ontem (21) um decreto determinando que, até 31 de dezembro de 2026, pelo menos 30% dos cargos e funções de confiança do governo federal sejam ocupados por negros, como se a solução para a discriminação histórica da raça predominante no País não passasse pela oferta das condições necessárias para que negros e brancos possam disputar em pé de igualdade as oportunidades que o mercado laboral oferece.
Também ontem, e sob encomenda do Palácio do Planalto, sindicalistas da CUT fizeram manifestações em várias capitais brasileiras pedindo a renúncia do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, como se fosse exclusivamente dele a decisão de manter os juros no patamar atual.
E como se já não fosse o bastante para um único dia, a terça-feira (22) também foi marcada pela divulgação da lista de 102 empresários que vão com Lula em viagem comercial à China no fim do mês, dentre os quais os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS e que em 2017 firmaram acordo com o Ministério Público e revelaram ter depositado US$ 150 milhões em contas no exterior para abastecer as campanhas do PT, confirmando assim uma denúncia do ex-ministro petista Guido Mantega, que o partido nega até hoje.
Mas calma, pois ainda não acabou. O dia também foi marcado por uma entrevista infeliz do presidente ao site Brasil 247, na qual ele chorou ao relembrar o período em que ficou preso em Curitiba, o que é perfeitamente compreensível, mas disse com todas as letras que, quando uma autoridade policial ou do Ministério Público lhe perguntava se estava tudo bem, sempre dizia que "só vai ficar tudo bem quando eu foder esse Moro" (sic), em alusão ao ex-juiz federal e hoje senador da República.
Alguém precisa dizer a Lula que foi pela conduta essencialmente circense que seu antecessor, Jair Bolsonaro, acabou elevando sua rejeição a patamares irremediáveis e perdendo a eleição. Em outras palavras, alguém precisa dizer ao presidente que é hora de parar de conversar e começar a governar, pois problemas o Brasil já tem de sobra. (Fotos: Reprodução)
EM TEMPO: A Polícia Federal prendeu nesta quarta (22) vários integrantes de uma facção que ameaçava matar várias autoridades, dentre elas o senador Sergio Moro e o ministro Flavio Dino. E nisso que dá essa polarização tola que tomou conta da política brasileira nos últimos anos.