Avicultores do PR acendem alerta contra a gripe aviária
Na província argentina da Patagônia, o abate sanitário de 200 mil francos em uma única propriedade foi confirmado nesta semana. E este foi o principal, mas não o único caso registrado no país vizinho, bem como no Uruguai, onde novos focos têm sido diagnosticados com frequência cada vez maior.
Por conta disso, os produtores de aves do Paraná estão em estado de alerta, temendo que a doença possa cruzar a fronteira. Na sede da Amop (Associação dos Municípios do Oeste do Paraná) em Cascavel, por exemplo, o assunto foi debatido na tarde desta quinta-feira (9) por secretários municipais de Agricultura e representantes de cooperativas com técnicos da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná).
Já em Curitiba, a gripe aviária também dominou as discussões em uma reunião da Comissão Técnica de Avicultura da Faep (Federação da Agricultura do Paraná), também realizada nesta quinta por videoconferência e de forma presencial.
Historicamente, os focos da doença no continente americano se concentram em países mais distantes das áreas produtivas do Brasil, como Canadá, Estados Unidos, México, Venezuela, Colômbia, Equador e Peru, mas desta feita eles estão bem mais próximos.
"Temos que trabalhar com cautela, afinal, até o momento o Brasil é um país livre de influenza aviária. Porém, esse é um momento para redobrada atenção, seguir as normas sanitárias nas propriedades e contribuir com as autoridades de fiscalização. A entrada de um vírus como a influenza nas nossas granjas teria impactos extremamente negativos ao setor produtivo e à sociedade paranaense", alertou o presidente da CT de Avicultura, Diener Santana.
Fábio Mezzadri, técnico do Sistema Faep que acompanha a cadeia de avicultura, apresentou um panorama sobre a questão. Como o Estado é o maior produtor de frangos do Brasil e responsável por quase metade das exportações desse tipo de carne feitas pelo país, isso reforça a importância das ações de prevenção e o engajamento nas iniciativas.
"Estamos em contato com a Adapar e sabemos que o órgão está fazendo vigilância ativa nas propriedades rurais do Paraná, nos estabelecimentos comerciais de produção, reprodução e postura", revelou Mezzadri. "As notificações suspeitas são atendidas prioritariamente e a entidade nos passou que fez capacitação e treinamento de profissionais em todas as unidades regionais para lidar com a situação", completou Mezzadri.
Vale lembrar que desde julho de 2022 o Paraná conta com o Plano de Vigilância para Influenza Aviária. Como complemento, em fevereiro último uma portaria proibiu a presença de quaisquer espécies de aves em eventos agropecuários, feiras, exposições, agremiações e atividades afins no Estado por 90 dias.
COMO PREVENIR
Nas granjas, a prevenção da entrada da influenza envolve as boas práticas na propriedade. Seguindo as recomendações dos parâmetros técnicos estabelecidos em Instruções Normativas, os produtores reduzem as chances de contaminação dos lotes. Entre os fatores decisivos para isso estão evitar o contato direto das aves do plantel avícola com aves de vida livre; utilizar medidas de higiene e desinfecção no ambiente em que as aves vivem; realizar o controle de pessoas e veículos que adentrem o ambiente; não receber nas propriedades pessoas não vinculadas ao setor produtivo; não levar parentes e visitas para conhecer o aviário, mesmo que esteja em período de vazio sanitário; e lavar constantemente as mãos. (Foto: Wilson Dias/AGBR)