Interdição da BR-277 custará caro ao campo, protesta Faep
A interdição da BR-277 na altura do km 33,5, em Morretes, no Litoral, determinada nesta quarta-feira (8) por técnicos do Dnit (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem) por conta de uma rachadura que está levando ao afundamento da pista, é fruto do descaso do poder público com essa importante rodovia do Estado e terá um alto preço a ser pago pelos produtores rurais paranaenses.
A opinião foi manifestada pela Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná) em nota oficial assinada pelo presidente Ágide Meneguette e emitida após a entidade tomar conhecimento de que um desvio precisará ser construído até que o trecho seja totalmente reconstruído, mas que não há nem mesmo prazo estimado para que isso aconteça. Veja a seguir a íntegra da nota:
A interdição da rodovia BR-277 vai gerar prejuízos incalculáveis ao setor agropecuário do Paraná. O bloqueio da rodovia já provoca impactos significativos no escoamento da safra de soja, em um momento em que o Estado tem perspectivas de bater um recorde de produção. A fila de caminhões, que não conseguem chegar ao Porto de Paranaguá, gera demurrage - taxa de estadia dos navios por período que permanecem atracados, aguardando a chegada das cargas. Esse dinheiro sai do bolso do produtor rural. Já temos notícias de cooperativas e traders que têm optado a escoar sua produção pelos portos de Santos, em São Paulo, e de São Francisco, em Santa Catarina, ainda que com frete mais caro.
Esse cenário é inconcebível. Desde 2016, a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), juntamente com outras entidades que representam o setor produtivo, vinha alertando o governo do Estado sobre as necessidades de antecipar a licitação das rodovias do Anel de Integração, cujas concessões venceram em novembro de 2021.
Com o fim das concessões, as rodovias paranaenses ficaram sem manutenção e sem serviços de monitoramento geológico ao longo de toda a malha. Com isso, entre o fim de 2022 e o início de 2023, já assistimos a outros incidentes que culminaram com bloqueios na BR-277, na BR-376 e na Estrada da Graciosa. Uma análise técnica contratada pela FAEP tinha apontado que todos esses episódios poderiam ter sido evitados e/ou minimizados se houvesse a continuidade do serviço de monitoramento geológico que era feito pelas concessionárias. Ou seja, tratava-se de um caos anunciado.
A inabilidade política do governo do Paraná está custando caro à sociedade. As diferenças políticas deveriam ter se encerrado nas eleições. É urgente que Estado e governo federal se definam quanto a nova modelagem do pedágio. Essa situação não pode se estender e penalizar o povo paranaense ainda mais.
ESTADO COBRA
Por outro lado, o governador em exercício Darci Piana encaminhou ofício ao Ministério dos Transportes nesta quarta-feira pedindo celeridade ao Dnit na identificação dos motivos do problema na pista da BR-277 e na solução do problema. O ofício também pede agilidade ao Ministério no novo pacote de concessões.
Já a bancada federal paranaense esteve reunida emergencialmente com o ministro dos Transportes, Renan Filho,e também cobrou celeridade na questão da volta do pedágio para que esta e outras rodovias possam oferecer as condições de tráfego ideais. (Foto: Divulgação PRF)