Mulheres já são 70% da força de trabalho na saúde
Outrora valorizadas quase que exclusivamente como donas de casa, as mulheres já representam 70% da força de trabalho na área da saúde, segundo dados da OMS. São médicas, fisioterapeutas, enfermeiras e muitas outras profissionais que estão na linha de frente dos esforços para cuidar de pacientes todos os dias, além de desenvolver pesquisas que permitem o avanço da área. Dentro dos hospitais, elas mudam o perfil de cargos de liderança ao unir os múltiplos talentos, a curiosidade e a valorização do olhar humanizado.
A pesquisadora e fisioterapeuta Cristina Baena faz parte dos 25% de posições de liderança ocupadas por mulheres dentro de unidades de saúde. Ela coordenou um projeto de pesquisa interdisciplinar que envolveu mais de 50 pesquisadores dos hospitais Universitário Cajuru e Marcelino Champagnat, de Curitiba, em parceria com a PUCPR e outras instituições nacionais e internacionais, que buscou compreender o comportamento da Covid-19 na fase aguda e após a alta hospitalar.
Para a pesquisadora, a participação feminina na ciência traz contribuições que vão além da promoção de saúde, bem-estar e justiça social genuína. "Cada conquista fortalece a importância de continuarmos a inspirar mulheres para a carreira científica, mudar estereótipos da profissão e dar visibilidade às suas realizações", afirma.
Já a enfermeira Vanessa Ramos perdeu a conta de quantos pacientes atendeu em duas décadas como profissional da linha de frente do sistema de saúde. Em meio a tantos desafios, ela destaca que o maior de todos foi o enfrentamento da Covid-19. "Durante a pandemia, em cada turno de trabalho tínhamos nossas vidas transformadas por presenciar de perto histórias de luta e altas emocionantes. Foi necessário montar uma força-tarefa e passar por um aprendizado rápido que uniu os profissionais da assistência e de gestão", relata ela, que coordena as unidades de internação do Hospital Marcelino Champagnat, uma referência no Estado no tratamento da infecção pelo coronavírus.
Os contextos sociais e culturais são diversos, mas há muitas semelhanças nas inspirações e dificuldades encontradas por mulheres que trabalham com saúde ao redor do globo. Para a médica Lídia Zytynski Moura, a vontade de trilhar novos caminhos de conhecimento foi a força motriz para uma mudança temporária de país com toda a família, para realizar o pós-doutorado em insuficiência cardíaca no segundo maior hospital de ensino da Harvard Medical School, nos Estados Unidos.
"É a combinação de conhecimento acumulado, pesquisas científicas e curiosidades que permite darmos novos passos. E as mulheres de hoje são assim: elas têm olhos que brilham, são pragmáticas, têm agilidade e conseguem ser doces e técnicas ao mesmo tempo", descreve ela, que coordena setor de cardiologia dos hospitais Universitário Cajuru e Marcelino Champagnat, do Grupo Marista.
MAIS ESPAÇO
E com mais representatividade nos números gerais, a próxima luta poderá ser por mais equidade também nos cargos de liderança. Hoje, inúmeras profissionais da saúde se destacam com trajetórias brilhantes, inspirando outras a acreditarem, persistirem e não desistirem de trilhar caminhos igualmente bem-sucedidos. Mas não é preciso fazer uma longa viagem no tempo para perceber que é um fato recente na história a presença feminina em postos de liderança e em áreas de destaque.
"Foco no objetivo e na autenticidade são pontos importantes para meninas que querem conquistar igualdade de possibilidade profissional. De tijolo em tijolo, é possível construir a base para uma sociedade cada vez mais próspera e igualitária", finaliza Cristina Baena. (Imagem: Marcus Vinicius Schroeder/Alep)