Um magistrado sob suspeita
O que são R$ 13 para um juiz federal, cujo salário chega próximo do teto constitucional - quando não ultrapassa esse limite em razão dos benefícios adicionais de domínio público? Nada, obviamente. Mas não no caso envolvendo o juiz federal paranaense Eduardo Appio (foto), que aparece nos registros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) como tendo doado exatamente este valor como contribuição à campanha de Luiz Inácio Lula da Silva e outros R$ 40 à candidata petista Ana Júlia Pires Ribeiro, eleita deputada estadual. Não por mera coincidência, 13 é justamente o número do partido do atual presidente.
Mas não é só isso que está pesando contra o Meritíssimo juiz, pois em entrevista ao portal UOL ele manifestou com todas as letras que Lula é inocente do ponto de vista jurídico Lula e não poupou críticas à condução da Operação Lava Jato pelo antigo inquilino da cadeira por ele ocupada e hoje um dos mais novos senadores da República, o ex-juiz Sergio Moro.
Foi por essas e outras que a procuradora Carolina Bonfadini de Sá, que atua em Ponta Grossa, encaminhou a Appio um pedido para que ele próprio tome a iniciativa de se afastar do comando da 13ª Vara Federal de Curitiba, onde tramitam os processos da Lava Jato, e avisando que se não o fizer irá levar o caso ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, com sede em Porto Alegre.
Para a representante do Ministério Público Federal, Appio "não está investido do necessário atributo da imparcialidade, o que inviabiliza a apreciação justa e prolação de decisão equânime pelo magistrado". Mas ele rebateu afirmando que Carolina "abraçou uma espécie de caça às bruxas ideológica para se promover". Talvez ambos tenham razão, mas uma coisa está óbvia: o caso pegou mal tanto para o magistrado quanto para a Justiça Federal. (Foto: Divulgação Justiça Federal)