A Pátria
J. J. Duran
Nos momentos difíceis da história nos orgulhamos de sermos parte de um povo que sabe afastar o medo e não acolhe o ódio.
Não há Pátria onde falta democracia e as escolhas não são feitas na razão e na liberdade do pensamento respeitoso das divergências políticas.
A Pátria jamais é o passado, mas o futuro que construiremos a partir de um presente de fraternidade e trabalho na busca do entendimento.
A Pátria não é fruto da imposição dos governantes de momento, nem a imposição primitivista do ideário retrógrado do pensamento único e da verdade inquestionável, vinda da boca de homens públicos frenéticos.
Todos os dias são desafiadores e a paz sempre é a conquista da razão empregada na política.
Para manter a paz, a República se vale de suas instituições que, incólumes e sábias, representam o passado, o presente e o futuro.
Na democracia, quanto mais contradições existem e quanto mais frágil é o Estado, mais compreensíveis se tornam os discursos de seus governantes.
Por mais alopradas que sejam sido as sombras demenciais do retrocesso político no tempo da suplantação profana da Constituição, pregada por grupos da elite do atraso, o instinto da liberdade e o apelo da ordem agem para restabelecer o sentimento de fraternidade entre todos os segmentos da sociedade.
Mas a Pátria não é feita só falando a mesma língua em um cenário em que quando uns falam de trabalho, progresso, bem-estar e diferenças sociais, outros só podem falar em privações, desemprego, injustiça e mesa vazia.
Não é em um cenário com alguns poucos cantando suas riquezas e outros muitos vivendo cobertos de incertezas e de fome que se consegue reconstruir o glossário sociopolítico.
A convivência democrática permite falar sem medo e negociar em recintos comuns o restabelecimento do diálogo construtivo.
Em um tempo não muito distante, Tancredo Neves fez uma manifestação política profética da tribuna do Senado, dizendo que "o pior perigo que pode atravessar a República é a institucionalização do medo".
Institucionalizemos a paz social e o entendimento político, por mais difícil que isso seja diante das pregações de ódio e violência dos políticos fundamentalistas.
Um respeitoso recado àqueles que não concordam com o pensamento deste gringo: "Não basta a circunstância do nascimento para criar um profundo sentimento de gratidão pela Pátria que nos adota". (Foto: Reprodução Facebook)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná