Os mercadores da fé
J. J. Duran
Tem um componente místico-religioso dentro da ideologia política dos xiitas bolsonaristas, absortos da sua visão de mundo seguramente paralelo do real, que espalham fanaticamente seu ódio usando as redes sociais como meio informativo de seu ressentimento primitivista sem filtro.
Instigados pela profusa homilia de pastores bem intencionados na difusão e no acatamento dos mandamentos sagrados contidos no Livro dos Livros, esses seguidores destruidores do patrimônio da República representam a teoria do cristofacismo descrita pela teóloga alemã Dorotee Solle.
Esses golpistas, mercenários ideológicos, defraudados da política, órfãos de pensamento próprio - não todos, mas a maioria - e frenéticos com indiscutível tenacidade primitivista destruíram visualmente, porém não historicamente, a parte material mundana das instituições madres da República. Nada foi respeitado em seu ato de fúria.
"Bárbaros, mas se mata as ideias", bradou um século atrás nos pampas argentinos Domingo Faustino Sarmiento. E o tempo, senhor da razão, mostrou que suas ideias seguem vigentes na proclamação da liberdade, da igualdade e da fraternidade.
Não devemos apoiar aqueles que sustentam que a barbárie nas sedes dos três poderes, em Brasília, foi um ato produzido pelo discurso político-religioso feito durante estes últimos anos no cenário democrático brasileiro.
E prova disso é que a barbárie, a destruição e a morte não são parte da Bíblia, cujas mensagens (todas elas) rogam pela fraternidade que nos mostrou Jesus Cristo durante sua passagem por este vale das amarguras chamado planeta Terra.
Consagrado pelas igrejas eletrônicas, o tempo farto dos milagres televisivos foi transformado em tempo político-religioso do fundamentalismo pregado como pensamento reconstrutor dos costumes.
Longas vigílias pacificamente realizadas frente às casernas, onde o Evangelho foi fonte constante, desmentem os demenciais xiitas que destruíram um patrimônio que é de todos, e principalmente da História.
Que cesse o ódio, que se eleve o olhar para o céu, que se estenda a mão aos adversários circunstanciais e que os mercadores da fé preguem a fraternidade, o amor, o respeito e a paz em toda a República, pois tudo nesta vida é temporal. (Foto: Marcello Casal Jr/AGBR)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná