J. J. Duran

Ao lado da ordem constitucional, que é tarefa prioritária, o Governo Lula deverá cuidar da economia. Inflação e desemprego são mostras inequívocas da desordem econômica do País.

É necessário fomentar a retomada do crescimento, estimulando o risco empresarial e eliminando gradativamente as hipertrofias do egoísmo e da ganância, que só estão a serviço do deus mercado.

E retomar o verdadeiro crescimento é gerar empregos, um problema que, ao contrário do Paraná, muitos estados enfrentam. Toda política econômica deve estar subordinada a esse dever social.

Enquanto houver um só brasileiro sem trabalho, sem pão e sem teto, toda prosperidade cantada em prosa e verso será falsa mistificação da ação política.

Fomentar o ingresso no País de capitais produtivos significa lúcida visão de desenvolvimento social, que não pode ser considerado mera decorrência do desenvolvimento econômico.

A República é essencialmente constituída de pessoas e cada vida humana tem valor muito mais elevado que qualquer índice estatístico.

Uma verdadeira política humanista preserva e mantém o bem-estar de todos, e sem livre iniciativa não existe futuro socioeconômico.

O entendimento nacional, é bom que se diga, não exclui o confronto de ideias, a defesa de doutrinas políticas divergentes e a pluralidade de opiniões.

Não busque o novo governo soluções nos mornos encontros em recintos fechados, onde os antagonismos políticos ainda conservam o ardor do discurso aloprado e apátrida.

O entendimento deve ser feito em torno de razões maiores, que são peremptórias para a pacificação e a união em torno de causas comuns a todos os brasileiros.

Já escrevi muitas vezes, e o faço uma vez mais: não existem duas sociedades. Existe um mesmo Brasil em busca do reencontro com seu passado glorioso.

Isso tudo é o que o País todo espera do Governo Lula, mas como será ele só o juiz chamado tempo irá nos mostrar. (Foto: Marcelo Camargo/AGBR)

J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná