Senador detona Bolsonaro e afirma que vai renunciar
A semana da posse dos parlamentares eleitos em outubro do ano passado se aproxima do fim com mais turbulência política no País. O motivo, agora, é a inesperada atitude do senador Marcos Do Val, do Podemos do Espírito Santo, que anunciou nesta quinta-feira (2) a decisão de renunciar ao mandato em favor da suplente Rosana Foerst, abandonar a política e retornar aos EUA, onde atuava como instrutor de segurança.
"Eu ficava puto quando me chamavam de bolsonarista. Vocês me esperem que vou soltar uma bomba. Sexta-feira vai sair na Veja a tentativa de Bolsonaro de me coagir para que eu pudesse dar um golpe de Estado junto com ele, só para vocês terem ideia. E é lógico que eu denunciei", disse o senador em live com integrantes do MBL (Movimento Brasil Livre).
Depois, ele postou no Instagram a seguinte mensagem: "Após 4 anos de dedicação exclusiva como senador pelo Espírito Santo, chegando a sofrer um princípio de infarto, venho através desta, comunicar a todos os capixabas a minha saída definitivamente da política".
À imprensa, o senador disse que logo após as eleições de outubro teve uma conversa com o presidente Jair Bolsonaro e o então deputado Daniel Silveira que foi determinante para sua decisão. "Eles me disseram: ‘Nós colocaríamos uma escuta em você e teria uma equipe para dar suporte, e você vai ter uma audiência com Alexandre de Moraes, e você conduz a conversa pra dizer que ele está ultrapassando as linhas da Constituição. E a gente impede o Lula de assumir, e Alexandre será preso’", relatou.
Horas depois voltou a se pronunciar jogando a culpa mais nas costas de Daniel Silveira. "Ficou muito claro que ele estava num movimento de manipular e ter o presidente comprando a ideia dele se um senador aceitasse a missão", disse ele, que momentos antes havia sido alcançado por telefone por dois filhos do ex-presidente: o deputado Eduardo Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro.
"Ele [Bolsonaro] não chegou a falar nada do tipo ‘senador, pensa’, não falou nada disso, por isso, que quando fala em coagiu, não confere. (...) Mas ele [Bolsonaro] não impediu o Daniel [de falar o plano]", acrescentou Do Va, após tomar conhecimento de que Moraes já havia autorizado a Polícia Federal a ouvi-lo formalmente sobre o suposto plano de golpe.
NOVA PRISÃO
Por falar em Daniel Silveira, ele foi preso novamente nesta quinta, no Rio, por determinação do ministro STF Alexandre de Moraes. A decisão foi tomada em razão do descumprimento de medidas cautelares definidas pelo próprio tribunal, como o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de usar redes sociais. Na casa dele foram encontrados R$ 270 mil em dinheiro vivo. (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)