As elites indo-americanas
J. J. Duran
Segundo o dicionário, "elite é o que há de melhor em uma sociedade ou grupo social". Porém, nem sempre essa conceituação resulta válida, pois também existe a elite do atraso, aquela que manipula e explora a todos para atingir seus objetivos depredadores.
Essa elite realiza malabarismos ideológicos para fazer o povo pensar de forma equivocada. E pensar de forma equivocada e viver sem pensar são fórmulas comuns empregadas nas redes sociais pelos iluminados seguidores dos dogmas político-ideológicos e que lhes permite usufrutuar uma liberdade eles e seus mandantes se empenham em condicionar quando assim lhes interessa.
Na indo-América, hoje em dia o povo verdadeiro e sofrido - não aquele que vendeu a sua dignidade por três moedas, mas aquele que procura incansavelmente por trabalho para levar o pão de cada dia para casa - converteu-se em uma maioria escrava dos patrimonialistas.
No Brasil temos vivido - e seguramente continuaremos a viver ainda por um bom tempo - como a outrora rica e orgulhosa Rainha do Prata, em um longo período de desencontros entre as duas frações que dividem este País continente.
As feridas produzidas por governantes demenciais que em algum momento se acharam iluminados pelo Espírito Santo para comandar seus irmãos ainda vão demorar muito tempo para cicatrizar.
Essa elite do atraso é apátrida, vendedora de ilusões, manipuladora exímia da mentira para semear a esperança em um mundo que se debate em meio à maior odisseia dos últimos séculos.
É preciso desanuviar os espíritos, mantendo cada parte do todo que se chama sociedade e suas bandeiras e não enrolando com mentiras impostas como verdades incontestáveis durante o longo apagão republicano.
O poder da elite do atraso chega a ser tamanho que em algumas partes da indo-América espoliada a democracia é seletiva e o perdão chega antes mesmo do julgamento da culpa.
Tomara estejamos iniciando um tempo realmente novo, do reencontro da fraternidade, do grande abraço sociopolítico e do fim do discurso que trata o outro como inimigo e não como adversário temporal.
Não falamos de todas as elites, apenas da "elite do fracasso", aquela da eterna vigília.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná