Bala trocada não dói?
"A minha presença como primeira viagem feita depois da minha eleição a um país estrangeiro é para dizer ao meu amigo Alberto Fernández que nós vamos reconstruir aquela relação de paz, produtiva, avançada, de dois países que nasceram para crescer, se desenvolver e gerar melhores condições de vida para os seus povos", declarou Luiz Inácio Lula da Silva nesta segunda-feira (23), em Buenos Aires.
"Eu estou, na verdade, pedindo desculpas ao povo argentino por todas as grosseiras que o último presidente do Brasil, que eu trato como genocida pela falta de cuidado e de responsabilidade na pandemia, fez ao Fernández", ressaltou o presidente brasileiro, que desde o dia da posse não tem perdido uma oportunidade sequer de alfinetar seu antecessor, em uma repetição do que aconteceu nos quatro anos do governo anterior.
Esse tipo de camaradagem não soa bem, sobretudo num momento político conturbado como o vivido pelo Brasil, mas tem toda razão de ser. Afinal, o ex-presidente brasileiro fez sucessivos ataques ao atual presidente argentino, que respondeu declarando apoio à volta de Lula ao poder. "Tá aí, povo argentino, lamento, é o que vocês merecem", chegou a dizer Bolsonaro em 2019, ao chamar de "volta da esquerdalha ao poder" a vitória de Fernández sobre Maurício Macri, fato que tensionou sobremaneira as relações entre os dois países.
Os lulistas darão total razão a Lula, enquanto os bolsonaristas darão total razão a Bolsonaro. Mas e o Brasil, ganha alguma coisa com isso? (Foto: Reprodução)